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Produção autorizada de vinho do Porto baixa 1500 pipas

Produtores prudentes recuam a valores do ano de 2006

Diário de Notícias | 03-08-2008 | Regiões, Economia
São 123.500 pipas, menos 1.500 do que em 2007, as que a Região Demarcada do Douro vai este ano poder transformar em vinho do Porto. Uma redução ditada por razões de prudência, já que as vendas de vinho do Porto cairam 8,3%, em volume, no primeiro semestre do ano. Por outro lado, a colheita antecipa-se menor do que a do ano passado, com uma redução da ordem dos 13%.
O quantitivo de benefício (produção autorizada) foi fixado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), ouvida a Associação das Empresas de Vinho do Porto e a Associação dos Viticultores e Engarrafadores dos Vinhos do Porto e Douro no seio do Conselho Interprofissional do IVDP. De fora da negociação ficou a Casa do Douro e os representantes das adegas, que se retiraram do Conselho em Junho.

No comunicado de vindima, o IVDP reconhece que fixar o quantitativo em 123.500 pipas é regressar "aos valores de 2006", mas sublinha que "as previsões de produção com base no modelo pólen apontam para uma diminuição da colheita regional de cerca de 13%, num intervalo compreendido entre as 186 mil e as 211 mil pipas de mosto". O mosto é o sumo de uva que ainda não sofreu a fermentação e ao qual é adicionada a aguardente (chama-se beneficiar o mosto) para dar origem ao vinho do Porto.

Assim, o instituto opta por nova postura de prudência, sublinha o comunicado, considerando "um cenário de retracção da comercialização".

É que a redução de 8,3% nas vendas registada no primeiro semestre - fruto das más condições climatéricas - é, sublinha o IVDP, "uma das maiores quebras de comercialização registada nos últimos anos, sentida aliás pela generalidade das regiões vitícolas do mundo , fruto da crise económica à escala global". A forte valorização euro face ao dólar também não tem ajudado, já que prejudica os preços em dois dos mercados mais relevantes para o sector, os EUA e o Canadá.

Jorge Dias, vice-presidente do IVDP, garantiu ao DN que esta redução de 1.500 pipas "foi entendida pelo sector e não teve contestação". Até porque, sublinha, "a redução não foi maior porque o IVDP decidiu não fazer repercutir na vindima as cerca de 13 mil pipas de stocks que a Casa do Douro vendeu no início do ano". Uma decisão baseada no facto de "quem comprou ter prestado garantia de que isso não iria afectar as suas compras na vindima", explica Jorge Dias.

O IVDP faz ainda um balanço positivo da campanha de 2007/2008, sublinhando que a fixação de um quantitativo ligeiramente abaixo da comercialização permitiu a sua venda completa, bem como a absorção de alguns excendentes. Das 80 mil pipas que havia a mais na região, restam, ao fim de cinco anos de contenção na produção autorizada, apenas 18 mil. E os preços também recuperaram, aumentando, em média, 1,9% para o mosto e uvas (956 euros por pipa) e 5,4% para o vinho (972 euros a pipa).

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