Segundo o director-adjunto Rupert Symington, o negócio da Cockburn trouxe à SFE mais cerca de 17 milhões de euros (M€) de facturação, estimando-se que, em termos consolidados, as contas de 2006 tenham somado cerca de 85 milhões de euros, contra os 70 milhões conseguidos em 2005.
Mais importante do que isso, frisou o responsável, a compra dos activos da Cockburn conferiu à Symington uma subida na quota de mercado de Vinho do Porto de cinco pontos percentuais, para 22%.
«Apesar de não sermos os maiores em termos de volume, neste momento somos de certeza os maiores em termos de produção de vinhos de qualidade superior», referiu Rupert Symington, acrescentando que actualmente a empresa controla 36% das categorias especiais de Vinho do Porto.
«O nosso know-how é nos vinhos de alta qualidade e não nos volumes de média qualidade», concluiu.
De acordo com Rupert Symington, a Cockburn tinha quatro adegas a necessitar de «imenso investimento», que serão agora remodeladas para o nível das já existentes na SFE, apesar de este não ser «o momento mais indicado para investir», tendo em conta que o preço do aço duplicou este ano. Para o responsável, a empresa criada em 1820 manteve uma boa imagem durante todo o século XX, mas recentemente «apresentava falta de investimento» e, por isso, com a integração total da empresa no início do ano, a fase seguinte será «inevitavelmente» a de remodelar e modernizar aqueles activos. «A minha família tem investido imenso na pesquisa de novas tecnologias, porque achamos que isso é importante, nomeadamente através da introdução de lagares robóticos, uma máquina que procura reproduzir a pisa tradicional, com as vantagens nomeadamente ao nível do controlo da temperatura e da higiene», disse à Lusa.
A compra dos activos da Cockburn à Beam Global iniciou-se no ano passado, depois desta ter decidido manter a marca e alienar a produção para um fornecedor de vinhos de alta qualidade.
«Nós fomos escolhidos por termos as nossas marcas bem implantadas nos mercados-chave, nomeadamente nos EUA e Inglaterra e por termos uma visão a longo a longo prazo de qualidade e também porque temos fazemos o processo todo da uva à garrafa», considerou o responsável.
Escusando-se a revelar o valor final do negócio, o director-adjunto da empresa adiantou no entanto que esta aquisição deverá representar aproximadamente um stock de 30.000 pipas de vinho, que é aproximadamente um terço do stock da Symington.
De acordo com o responsável, a Beam continuará assim a gerir a estratégia comercial, o marketing, as vendas e a distribuição das marcas, com a SFE a ser agora a sua fornecedora a preços predefinidos durante um prazo de 20 anos ou mais.
«Temos um preço de fornecimento de vinho em garrafa», explicou. Com esta aquisição, a empresa portuguesa de Vinho do Porto conseguiu duplicar a sua propriedade em termos de vinhas, passando agora a deter três milhões de videiras e 950 hectares de terreno plantado com vinha de letra A (categoria superior). Estas uvas abastecerão a marca Cockburn, mas também as marcas propriedade da Symington, como a Grahams e a Dows.
«A nossa ideia é levar as melhores uvas dessas quintas e aplicá-las a marcas diferentes, não só a Cockburns», disse.
A empresa familiar criada em 1982 e gerida actualmente por seis membros (netos do fundador) investe anualmente 200 mil euros em investigação e pesquisa.