De acordo com Isabel Marrana, da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), nos primeiros nove meses do ano foram vendidas mais de 7,6 milhões de caixas de nove litros, no valor de 298,3 milhões de euros. Segundo salientou, estes números confirmam a necessidade de uma forte aposta na promoção do Vinho do Porto, quer em alguns mercados europeus tradicionais, actualmente em quebra, quer em mercados emergentes como os EUA e a Ásia. Para o efeito, a AEVP diz aguardar o apoio, desde 2005, do Programa de Incentivos à Modernização Empresarial (Prime) e do ICEP a um programa promocional orçado em dois milhões de euros, que pretende lançar já em 2007. Para meados do próximo ano, a associação aguarda também os resultados de um plano estratégico para o sector, a encomendar pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) e cujo concurso público está actualmente em fase final. “Aguardamos este plano com alguma expectativa”, afirmou Isabel Marrana, salientando que será “importante para uma actuação colectiva” dos vários agentes envolvidos.
A AEVP está também preocupada com a reforma, em preparação, da Organização Comum do Mercado (COM) do Vinho, no âmbito da qual se admite o fim radical das ajudas à destilação. Essencial à produção de aguardente, usada na elaboração do Vinho do Porto, a destilação era até agora subsidiada, de forma a garantir algum rendimento aos produtores excedentários, mas representa elevados custos para, no fundo, destruir vinho. “É um facto que há alguns subsídios à destilação que pervertem a política vitícola, porque incentivam a criação de excedentes, mas no caso do Vinho do Porto trata-se de aguardente que é incorporada no produto”, explicou Isabel Marrana. Segundo adiantou, o fim dos subsídios à destilação implicaria um aumento de 11/12 por cento no preço final do Vinho do Porto, “muito difícil de ser repercutido no consumidor” pois não há no sector qualquer “elasticidade” a este nível.
Depois de já ter recebido em Portugal, e levado numa visita à região do Douro, a comissária europeia responsável pela reforma da COM do Vinho (Mariann Fischer Boel), a AEVP diz ter vindo a “trabalhar muito” com o Ministério da Agricultura para salvaguardar os interesses do sector nesta matéria. “Estamos confiantes, mas até lá todo o lóbi que possamos fazer é pouco”, afirmou a directora executiva da AEVP.
Dossiê: Álcool e saúde
Também “muitíssimo preocupante” é, para a Associação das Empresas do Vinho do Porto, o dossiê ligado ao álcool e saúde, assim como o acordo em discussão entre a União Europeia e os EUA “que poderá permitir a entrada no espaço europeu de marcas americanas que possuam na sua composição a palavra Port”.