Milhares assistiram à festa das vindimas
Dezenas de homens e mulheres do campo, uma oficina de ferreiro, o tanoeiro da aldeia. E muito vinho. Foi este o cenário a que milhares de pessoas assistiram este domingo, por ocasião da Festa do Vinho e das Vindimas de Bucelas, em Loures.
O tempo estava "farrusco" e de vez em quando as nuvens desfaziam-se em aguaceiros, mas quando se junta festa com vinho, o povo não se deixa assustar com a chuva. Os visitantes vieram um pouco de toda a Grande Lisboa e encheram as ruas da vila saloia.
Porém, quem predominava eram as gentes da freguesia e das terras vizinhas, que não gostam de deixar os créditos por mãos alheias na hora de preservar costumes. "É importante dar a conhecer a nossa cultura. Não podemos deixar que se perca a tradição dos nossos antepassados", dizia Ana André, 30 anos.
A técnica de recursos humanos trazia a tradição dos seus avós à flor da pele. Literalmente: grande parte do traje saloio que envergava - camisa, saia comprida, avental e lenço na cabeça - vieram do guarda-roupa da sua avó.
O marido de Ana, Nuno André, era o mais experiente nestas andanças. Nascido em Bucelas, não falha uma Festa do Vinho e das Vindimas há largos anos. Desta vez, a grande novidade foi a participação da filha do casal, Leonor, de apenas 16 meses.
"Também é a primeira vez que participo. Resolvi vir mais pela piada de trazer a minha filha", explicava Ana. Parece ter resultado, a avaliar pela atenção que a pequena Leonor despertava a quem a via passar no desfile.
A família André é apenas um exemplo dos populares que quiseram recordar a lida do campo de outros tempos. Dezenas de figurantes integraram o desfile etnográfico, que marca o ponto alto da Festa do Vinho e das Vindimas, que decorreu durante todo o fim-de-semana.
A acompanhar os populares, que cantavam músicas antigas associadas à cultura vitivinícola, 27 carros alegóricos, alusivos às várias fases do cultivo da vinha, fabrico do vinho e processos associados, preparados pelas colectividades da vila e aldeias vizinhas.
Pelas ruas enfeitadas com parras, seguiam os vários carros, cada um com seu tema. Da enxertia à taberna, passando pela poda, pela sulfatação e pela vindima. Ao cortejo também não faltavam outras figuras indispensáveis ao trabalho dos camponeses, como o cesteiro, o tanoeiro e o ferreiro.