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Região do Douro prepara vindima com quebra estimada de 13%

Lusa | 21-08-2008 | Geral, Regiões
Na Região Demarcada do Douro, a mais antiga do mundo, estão a ser ultimados os preparativos para a próxima vindima, prevendo-se uma produção média de 211 mil pipas, valor inferior à colheita do ano passado devido à "grande irregularidade" do clima.
Algum atraso na maturação das uvas vai também adiar o início da vindima em duas a três semanas, efectuando-se neste momento nas vinhas alguns tratamentos contra as pragas e a limpeza das adegas que vão receber as uvas.

Segundo os dados da Associação do Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), para este ano, a expectativa de produção é de cerca de 211 mil pipas de vinho, num intervalo de 186 a 235 mil pipas.

As previsões apontam para uma quebra, em relação à estimativa apresentada em 2007, na ordem dos 13 por cento.

Segundo a ADVID, o valor mínimo da estimativa em 2007, coincidiu com a produção declarada de 225 mil pipas.

Na origem da redução estimada para este ano poderá estar, de acordo com o responsável pela ADVID, Fernando Alves, a "grande irregularidade" das condições meteorológicas, quer ao nível da precipitação quer das temperaturas, registadas durante o ciclo vegetativo.

Ou seja, verificaram-se para a época níveis altos de humidade e temperatura e luminosidade baixas.

Estes factores propiciaram a ocorrência de doenças como o oídio e míldio e a propagação de pragas, nomeadamente a traça da uva e a cigarrinha verde.

Algumas castas foram ainda afectadas por ataques precoces de podridão cinzenta e os viticultores tiveram ainda de efectuar tratamentos para combater a traça da uva.

As previsões da ADVID são efectuados com base no modelo de pólen, recolhido entre Maio e Junho nas três sub regiões do Douro, nomeadamente o Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior.

Este estudo é feito pelo ADVID com o apoio do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e análise laboratorial e estatística da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Miguel Sousa, responsável pela área da vinha da Quinta do Portal, localizada em Sabrosa, estima uma redução na produção na ordem dos 10 por cento, comparativamente com a vindima de 2007.

No entanto, frisou que a Touriga Nacional foi uma casta particularmente afectada com problemas de ordem fisiológica, nomeadamente devido ao desavinho (um acidente fisiológico em que não ocorre a transformação das flores em fruto) e à bagoinha (um acidente fisiológico em que no mesmo cacho aparecem, além de bagos normais, bagos de dimensões reduzidas, por vezes sem grainha e sem atingirem a maturação).

"Nesta casta estimamos uma redução de cerca de 50 por cento", afirmou Miguel Sousa à Agência Lusa.

Só que, na sua opinião, a situação "é mais complicada" para os lavradores da região a quem a Quinta do Portal costuma comprar uvas, prevendo-se para estes uma redução "entre os 20 a 30 por cento".

O responsável referiu ainda que as condições climatéricas propiciaram as condições para uma "forte pressão do ódio no início do pintor (da maturação da uva)", uma situação que considera que poderá ter influência na qualidade dos vinhos.

"Neste momento estamos a acompanhar a evolução da vinha para evitarmos o aparecimento de pragas, como da cigarrinha verde", frisou.

A Quinta do Portal transformou em 2007 cerca de 1.400 pipas de vinho.

Nas encostas da foz do Távora, em Tabuaço, a enóloga Marta Macedo está também a acompanhar atentamente a maturação das uvas, um processo que este ano conta com algum atraso, prevendo o início da vindima lá para 18 ou 19 de Setembro.

Marta trabalha para a Sociedade Vitícola Foz do Távora e refere que consegui efectuar "atempadamente" todos os tratamentos necessários na vinha para evitar o aparecimento de doenças e pragas.

Por isso, prevê que nesta vindima a produção se "mantenha", tal como a qualidade do vinho.

Até ao início da vindima, os produtores olham com receio para as condições climatéricas, já que a chuva poderá ainda condicionar a quantidade e a qualidade do vinho.

Segundo Fernando Alves, a evolução dos valores previstos vai depender da forma como se comportar o clima até à vindima.

A média de produção declarada nos últimos dez anos na Região Demarcada do Douro é de 252 mil pipas, sendo que nos últimos cinco anos, os primeiros quatro estão acima da média e apenas o último /2007) ficou abaixo deste valor.

Refira-se ainda que o IVDP fixou em 123.500 a quantidade de pipas que os produtores da Região Demarcada do Douro vão poder converter em vinho do Porto na vindima de 2008.

Este quantitativo representa uma redução de 1500 pipas em relação ao ano passado e iguala os valores de 2006.

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