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Reestruturação do ICEP "baralha" promoção de vinhos

António Soares Franco defende apoio a marcas definidas pelas CVR

Jornal de Negócios | 16-05-2008 | Geral, Economia
A restruturação que a criação da AICEP originou pode ter consequências para a promoção dos vinhos portugueses lá fora, na opinião de António Soares Franco. O recém eleito, pela quarta vez, presidente da ACIBEV - Associação dos Comerciantes e Industriais de Bebidas Espirituosas e Vinhos aponta dois problemas: a questão da origem e distribuição das verbas para "vender" a imagem dos vinhos lusos além fronteiras; e a reforma da rede consular e diplomática, que está a fazer com que profissionais conhecedores dos mercados externos retornem a Lisboa e deixem de poder apoiar localmente o sector.
A questão, para António Soares Franco, é que a união da API - Agência Portuguesa para o Investimento, com o antigo ICEP, para criar a AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, é que o novo organismo parece, na opinião do produtor, "muito mais virada para o investimento" no País, do que para a divulgação da produção nacional no exterior.

Além disso, enfatiza, através das taxas cobradas via IVV - Instituto da Vinha e do Vinho, e distribuídas via entidade profissional ViniPorrugal, o "sector já paga a sua política promocional", recorda. Convém agora, salienta, que, no âmbito da reforma do vinho, em que o País espera 30 milhões de euros de Bruxelas em "envelopes nacionais", as verbas "não sejam todas para promoção genérica".

Soares Franco sustenta o apoio "de projectos mais credíveis": "defendemos acerrimamente que se devem apoiar marcas", a propor pelas comissões vitivinícolas regionais (CVR), enfatiza.

E, uma vez definida a política, convinha manter as pessoas que têm as ligações profissionais certas - distribuidores, críticos e media - nos mercados certos, e não mandá-las de volta a casa só porque a política (de retorno ao fim de 10 anos de expatriação) da AICEP assim o determina. O que não tem acontecido nos últimos meses, afirma, em que os distribuidores estão com dificuldade em encontrar interlocutores na rede consular lusa nos mercados de exportação.

A reforma "possível"

A questão da promoção dos vinhos portugueses é também a última questão que está na agenda das reuniões de trabalho entre a tutela e a associação, conversações que Soares Franco espera que estejam concluídas no primeiro semestre deste ano, para que a reforma da Organização Comum de Mercado (OCM) do vinho possa ser implementada em Setembro, conforme o pretendido por Bruxelas.

Esta é a "reforma possível e não a que queríamos", diz, alertando que até ao final do Verão é "importantíssima a publicação das portarias" que a vão implementar.


Porque é que um canguru de cauda amarela é importante?

Porque serve para explicar como o rótulo "simples" é fundamental para os consumidores e o deveria ser mais para os produtores europeus. Esta marca de vinho da Austrália é considerada hoje um caso de sucesso nos EUA (com vendas de oito milhões de caixas em cinco anos e a liderança dos vinhos importados na maior economia mundial). Mas se calhar seria menosprezada por alguns "especialistas" em Portugal, o que pode revelar-se um erro. António Soares Franco recorda o que fez Mariann Fischer Boel, comissária europeia da Agricultura, quando anunciou pela primeira vez a sua reforma para o sector vitivinícola em 2006: de um lado da mesa colocou uma fila de vinhos europeus, com rótulos "clássicos", e do outro garrafas do chamado "Novo Mundo", mais "modernas". A pergunta é: que grupo de vinhos é mais atractiva para os novos consumidores? A resposta dos produtores mais bem sucedidos não é de agora: um bom vinho é aquele que se vende a preço justo.

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