Em simultâneo, a CD deverá participar no capital social de uma nova empresa a constituir, destinada à produção, elaboração e comercialização de vinhos com denominação de origem e indicação geográfica da Região Demarcada do Douro.
A intenção já foi apresentada ao Conselho Regional de Vitivinicultores da Casa do Douro, ontem, em Peso da Régua, tendo sido convocada nova reunião para o próximo dia 12, onde a proposta será discutida e aprovada.
O presidente da Casa do Douro, Manuel António Santos, ouvido pelo JN, recusou comentar o negócio. No entanto, apurámos junto de várias fontes que a CD tem já um parceiro definido para a operação, ainda por revelar.
A nova empresa a criar, em conjunto com a Real Companhia Velha, permitirá escoar parte significativa da produção de vinhos da região, a começar pelos vinhos dos cerca de 35 mil pequenos produtores inscritos na CD.
A Casa do Douro tem dívidas acumuladas ao Estado e à banca na ordem dos 125 milhões de euros e vive em situação aflitiva, em termos económicos, há quase duas décadas. A crise agravou-se na sequência da aquisição de excedentes para evitar a queda dos preços em anos de produção excepcional no final da década de 80; da perda de competências atribuídas pelo Estado; e da declaração de nulidade do negócio de compra de parte da Real Companhia Velha, por 50 milhões de euros, em 1990, onde a CD nunca assumiu verdadeiramente a gestão dos seus 40%. Até agora.
Recentemente, a CD vendeu nove mil pipas de vinho do Porto ao grupo Fladgate Partnership, e cinco mil pipas ao grupo Gran Cruz, encaixando 21 milhões de euros. Dois dias depois de conhecido o negócio, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, na tutela do Ministério da Agricultura, rescindiu o contrato que pagava pela utilização do cadastro (850 mil euros anuais em duas prestações). A verba representa metade das receitas normais da instituição e o suporte laboral de quase uma centena de trabalhadores. A CD já anunciou que vai agir judicialmente contra esta rescisão.