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Portugueses mostram inovação

Jornal de Negócios | 11-09-2007 | Geral, Inovação, Outros
Dez representantes nacionais vão exibir projectos agro-alimentares inovadores em Salzburgo. Querem parceiros ou distribuidores locais para expandir os seus negócios.

Cogumelos produzidos em casa, fruta descascada e sem caroços, pronta a comer, uma fábrica móvel que transforma resíduos orgânicos em ração para animais. Estes são apenas alguns dos projectos inovadores que dez representantes portugueses vão levar à feira EuroAgri - plataforma sectorial da iniciativa Eureka - que se realiza no próximo dia 27 de Setembro em Salzburgo.

As inscrições encerraram na sexta-feira, com 69 registos entre os 15 países participantes. Portugal tem a segunda maior representação, com dez presenças, depois do país anfitrião, que leva 35 empresas a esta bolsa de contactos.

A Agência de Inovação (Adl), entidade do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério da Economia, gere a participação de Portugal na iniciativa Eureka e está a promover a participação das empresas nacionais nesta feira. João Santos Silva, responsável na AdI por este evento, mostra-se optimista em relação à participação portuguesa, que vai levar projectos inovadores na área agro-alimentar para mostrar aos restantes participantes. A ideia é, para a maioria destas empresas, encontrar parceiros ou distribuidores locais.

As representantes portuguesas são a Compal Comunidade Lean Thinking, Campotec, Saport, Windblown, Encostas de Estremoz, Inovisa, Micoplant, Agro Broker e Gold & Silver - não tendo sido possível obter informações sobre a participação destas duas últimas.

O objectivo da EuroAgri é apoiar a aplicação de tecnologias e inovação nos sectores agrícola, alimentar e de rações de forma a fortalecer a competitividade na Europa.

EuroAgri

A EuroAgri, plataforma sectorial da iniciativa Eureka, promove em Salzburgo a Bolsa de Contactos "Food - from ldeas to Successful Innovative Products" - um encontro de identificação de parcerias para projectos inovadores entre empresas e entidades do sistema científico e tecnológico do sector agro-alimentar. A iniciativa Eureka, que reúne 37 países e a CE, tem várias plataformas sectoriais "umbrellas"que promovem projectos dentro de cada sector – e apoia a colaboração em projectos internacionais inovadores, próximos do mercado.

Compal À procura de parceiros para o Essencial

A Compal está à procura de distribuidores ou produtores do seu produto Essencial, que apresenta o conceito da fruta triturada. "A intenção é participar na feira e conseguir identificar parceiros que nos ajudem a aumentar a distribuição deste produto específico, inovador e com muito potencial, especialmente na Europa onde há maior noção sobre o consumo de produtos bons para a saúde", explica Pedro Loureiro, "export manager" da Compal.

É a primeira vez que a empresa participa nesta feira. A aposta no Essencial - lançado no mercado português em Fevereiro de 2006 e no espanhol em Junho passado – deve-se, segundo Pedro Loureiro, ao facto de ser um produto que já ganhou três prêmios e que se distingue da concorrência "pelo facto de ser o único apenas com sumo de fruta, sem misturas".

Uma das distinções do produto "doses de fruta" Compal Essencial foi a de "Melhor Novo Sumo", atribuído este ano no âmbito dos prémios Zenith International, que distinguem a inovação nas bebidas de sumo (2007 Global Beverage Innovation Awards).

"Vamos identificar empresas fortes no seu país a nível da distribuição de produtos alimentares e que possam ajudar-nos a distribuir o Essencial e/ou produtores interessados numa ‘joint-venture' ou licenciamento deste produto para produção e distribuição na sua área geográfica", adiantou o mesmo responsável.

Uma unidose de Compal Essencial corresponde a uma peça de fruta. "Temo mesmo equivalente nutricional. No caso dos morangos - são sete morangos que equivalem a uma dose de fruta", afirma Pedro Loureiro, salientando que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que se comam três a cinco porções de fruta por dia - o equivalente a 480 a 800 gramas diárias, dependendo das necessidades individuais. No ano passado, recorde-se, a Compal instituiu o dia 27 de Junho como o Dia Nacional da Fruta.

O Compal Essencial está disponível em seis sabores: morango, manga, pêra, banana, maçã e pêssego.

Comunidade Lean Thinking | Optimizar a cadeia de valor

Trata-se de uma entidade ligada à I&D, com aplicação de conceitos de gestão empresarial a essas áreas. O conceito "lean thinking" (pensamento magro) foi inicialmente desenvolvido na Toyota, mas tem-se estendida um pouco a todas as indústrias. "Tem a ver com a criação de valor, o valor que se entrega aos clientes. É preciso que o cliente se sinta satisfeito, pois isso faz com que ele volte", explica João Paulo Pinto, presidente desta Comunidade.

A ideia é ver onde é que as coisas falham na cadeia de valor. "Há agentes que não cumprem bem o seu papel. Um exemplo é o facto de sermos bons a fazer vinho, mas maus a vendê-lo. Falhamos algures na cadeia de valor", refere.

A ida a Salzburgo visa o estabelecimento de parcerias com organizações da mesma área. "Vão estar algumas neste domínio. Temos esperança de, com o nosso conhecimento, conseguirmos que haja mais participação transnacional", remata João Paulo Pinto.

Encostas de Estremoz | Exportar vinho para a Áustria

"Queremos exportar para a Áustria. Ainda não temas lá nenhum distribuidor. Por isso, vamos participar neste evento para conhecer melhor o mercado". É assim que Paulo Correia, director financeiro da Encostas de Estremoz - Sociedade Agrícola, justifica a participação da sua empresa nesta bolsa de contactos promovida pela EuroAgri.

"No âmbito da nossa estratégia de exportação e crescimento, o mercado austríaco interessa-nos e não temos lá nenhum representante", afirma.

De acordo com este responsável, como o mercado mundial dos vinhos está cada vez mais competitivo, há que apostar nestas operações estratégicas localizadas "porque ajudam a ter visibilidade". Neste momento, a Encostas de Estremoz está presente no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Angola, Moçambique, França, Bélgica, Suíça, Suécia, Noruega, Alemanha, Luxemburgo, entre outros países.

Micoplant | Produzir cogumelos em casa

A empresa foi constituída em Outubro do ano passado e surgiu de um trabalho de colaboração em investigação com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. "Aquilo que nos propomos apresentar, exclusivamente, é um produto que lançámos no dia 6 de Setembro, destinado à produção de cogumelos em casa", explica Ricardo Lopes, manager da empresa.

Trata-se de uma unidade caseira, chamada Micogrower, que permite a produção de cogumelos orgânicos.

O consumidor compra o kit e durante dois meses produz cogumelos. A produção é quinzenal e, no fim do tempo útil de vida do Kit, terá dado produzido entre 1 e 1,5 quilogramas de cogumelos, tudo dependendo das condições que a pessoa tenha em casa. "Queremos mudar um pouco o negócio dos cogumelos", afirma Ricardo Lopes. A participação no evento da EuroAgri tem como objectivo encontrar parceiros comerciais que apoiem a Micoplant na Europa Oriental.

Inovisia | Oito empresas em Salzburgo

A Inovisa é uma incubadora de empresas do Instituto Superior de Agronomia (Universidade Técnica), uma entidade de apoio às start-up de base tecnológica parao sector agro-alimentar que vai representar oito afiliadas em Salzburgo. "Com a despesa de uma pessoa representam-se várias empresas que, sozinhas, não se candidatariam", explica Luís Mira da Silva, presidente da Inovisa.

As oito empresas portuguesas que vão estar representadas neste evento através da Inovisa são todas de base tecnológica. O objectivo é divulgar os seus projectos e conhecer outras empresas com projectos de base tecnológica para produtos agrícolas e alimentares. "Somos embaixadores destas empresas e vamos tentar angariar projectos internacionais para elas e ver se há quem queira fazer parcerias com o instituto e os seus investigadores para projectos internacionais", refere Luís Mira da Silva, sublinhando a importância deste evento para criar uma rede de contados.

Campotec | Fruta de quarta gama a ganhar terreno

"A Agência de Inovação achou interessante que nos fizéssemos representar neste evento para apresentarmos a quarta gama - que é em tudo semelhante ao produto fresco, mas que já está pronto a ser constituído, com 100% de aproveitamento", diz Tânia Caracol, responsável pela unidade de processamento da empresa de comercialização de hortícolas Campotec, de Torres Vedras.

De acordo com esta responsável, a fruta de quarta gama é algo relativamente novo e "vamos mostrar os nossos conhecimentos e o que fazemos e, ao mesmo tempo, buscar conhecimento do exterior: o que elas fazem em termos de fruta no que diz respeito ao processamento, embalamento, materiais - tudo o que tem a ver com a conservação do produto".

"Para o mercado estrangeiro, isto é inovador. Um exemplo é o das embalagens individuais (70 gr) de maçã fatiada, com casca, já pronta a comer. Este é o produto principal que queremos mostrar, pois é provável que haja interesse do exterior", afirma Tânia Caracol.

A empresa está a implementar a distribuição da fruta de quarta gama nas escolas e "as crianças estão a aderir bem". "É um conceito que incentiva as crianças ao consumo da fruta, pois vem sem caroço e não é preciso descascar", salienta. Para os adultos também se toma muito prático. "Facilita a vida das pessoas que trabalham fora. Assim, compram uma cuvete de fruta nas grandes superfícies e já a têm pronta a comer", acrescenta a responsável da Campotec.

"Com este projecto, poderemos ter hipótese de ter ajuda de outras agências semelhantes à AdI lá fora e a nossa participação no evento visa também isso", adianta Tânia Caracol.

Saport | Segurança alimentar em acção

A participação desta empresa de consultoria em segurança alimentar visa a criação de contactos com empresas relacionadas com a área alimentar, que operem no mesmo segmento, para parceria e até mesmo venda em Portugal dos produtos dessas empresas, como programas informáticos de gestão.

Liliana Carvalho, sócia da Saport, diz que não há preferências em termos de nacionalidade das empresas. "Tudo depende da qualidade dos produtos", afirma. O negócio da Saport, criada em Abril, tem estado a correr bem com os clientes do retalho alimentar e em breve a empresa vai começar também a trabalhar com a indústria, segundo Liliana Carvalho. "Temos uma abordagem própria, nova, rápida e rentável. Fazemos avaliação diagnóstica na área alimentar e depois passamos ao trabalho de campo, com a implementação de sistemas de controlo de pontos críticos", sublinha. A Saport tem também um departamento de I&D, onde se procura a melhoria do "know-how" existente e dos produtos fornecidos aos clientes.

Windblown | Transformar resíduos em ração

Precisam de parceiro económico. Lá fora e cá dentro. Mas não tem sido fácil. "Temos o equipamento para valorizar um resíduo orgânico, inovador, patenteado, mas que ainda não é comercializado. Já estivemos em várias sessões do IAPMEI, com possíveis investidores, mas nunca conseguimos ninguém", diz Pedro Teles, consultor da Windblown, que mostra algum desânimo em relação à forma como as coisas se processam. Refere que o orçamento talvez seja considerado um pouco elevado, pois a participação económica necessária é de aproximadamente 500 mil euros. "Houve um interesse momentâneo, mas não houve mais desenvolvimentos", conta.

O projecto, agora envolvido num maior secretismo devido às imitações, é urna espécie de kit que visa a desidratação (secagem) de resíduos decorrentes do fabrico da cerveja "dreches" , para decomposição de constituintes e posterior utilização na alimentação de animais, na indústria farmacêutica e na indústria alimentar dietética. "No fundo, é uma fábrica móvel", conclui Pedro Teles. Entre os parceiros estratégicos contam-se a Unicer, Centralcer, Cintra, Valorsul e Maçã de Alcobaça.

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