"Temos de salvaguardar este património que integra milhares de postos de trabalho e 20 por cento do PIB português", sublinhou em entrevista à Lusa José Miguel Caetano, também presidente da União da Floresta Mediterrânica (UNAC), a propósito da reunião dos ministros da Competitividade e Ciência, que decorre entre quinta-feira e sábado, em Lisboa
Para José Miguel Caetano, Portugal precisa por um lado de fazer um trabalho interno de promoção da cortiça e, por outro, garantir que os mercados europeus e mundiais vão utilizar a cortiça produzida, através da promoção internacional.
"Para isso tem de haver um investimento, que não pode ser casuístico, mas sim uma estratégia, que pode estar ligada com Espanha que é outro produtor importante de cortiça e com os restantes países", sugeriu o responsável.
Segundo José Miguel Caetano, esta promoção deverá ser "puxada" e financiada pelo Estado português, de modo a garantir que a capacidade de produção e criação de riqueza se mantém.
É que, salientou, "corre-se o risco de se vir a perder todo o património e toda a actividade económica criada pela fileira".
"Precisamos de não perder mais mercados e recuperar os mercados que perdemos", disse ainda o presidente da AFLOPS.
Em Portugal existe uma liderança mundial ao nível do sector corticeiro, tanto ao nível da produção de cortiça como ao nível da transformação dessa cortiça e portanto o país deve e tem que assumir este papel, junto dos seus parceiros europeus.
Para o responsável, ao nível da produção e da oferta da matéria-prima, é necessário "estandardizar um pouco a produção da cortiça" e, portanto, eliminar as zonas onde não há a cortiça, ou não há tanta aptidão para a ter e fomentar, por outro lado, as zonas com cortiça, e com mais aptidão.
"Depois é necessário ligar tudo isso a processos de investigação e tratamentos sanitários", sublinhou.
A Corticeira Amorim, empresa líder do sector, investe anualmente 4,7 milhões de euros numa equipa de Investigação e Desenvolvimento (I&D) que assegura a diferenciação dos seus produtos e a sua liderança mundial, onde a concorrência de vedantes alternativos é cada vez maior.
A política industrial, nomeadamente o sector das florestas, e as PME são os temas em destaque no encontro de ministros da Competitividade e Ciência.