Joe Berardo e a Casa do Douro (CD), liderada por Manuel António Santos, querem lançar em conjunto uma empresa de produção e comercialização de vinhos do Porto e DOC Douro. O empresário madeirense adiantou ao Diário Económico que está “à espera da proposta da CD”, não sabendo, por isso, nesta altura, “qual vai ser o investimento no projecto” que, de qualquer maneira, “é para avançar”.
Do lado da CD ainda há algumas incógnitas. Desde logo a forma como a estrutura assumirá a sua posição na empresa a criar. "Por lei está autorizada a participar em empresas desde que não tenha mais de 49% do capital", disse Manuel António Santos ao DE. Mas, face à sua situação financeira, difícil, a entrada no capital deverá suceder por transferência ou venda de activos à nova empresa - e, neste caso, estará na primeira linha a alienação da totalidade ou parte do "stock" de 40 mil pipas de vinho generoso. Outra hipótese, adiantou Manuel António Santos, seria a transferência para a nova sociedade do activo da CD constituído por 40% do capital da Real Companhia Velha (RCV). Seja como for, "o que for decidido sobre esta participação será sempre em diálogo com a família Silva Reis" (principal accionista da RCV), com quem o tema já foi abordado. E o responsável da CD deixa a pergunta: "porque não a RCV ser accionista da nova empresa?" Nas contas da CD, a posição na empresa da Família Silva Reis está avaliada em 48 milhões, precisamente o valor da compra, realizada no final dos anos 90.
Em aberto está ainda a participação de cooperativas ou de outros produtores na nova sociedade. "Queremos que a nova empresa seja abrangente, se possível envolvendo produtores, engarrafadores e cooperativas", disse Manuel António Santos. Segundo Joe Berardo. "queremos que as cooperativas entrem no negócio connosco", até porque os detentores de pequenas parcelas do Douro estão expostos às decisões dos grandes produtores. "É como na Madeira com a produção de banana e de vinho: é uma necessidade", para manter a fixação dos pequenos produtores.
Falta ainda saber qual será a resposta das grandes empresas a este negócio, mas nada leva a crer que seja positiva. Como Joe Berardo sabe, "o Douro é uma região em que o sector é muito fechado", que não gosta de 'outsiders'.
A estratégia é a necessária e suficiente, acredita a CD, para recuperar financeiramente a estrutura, que neste momento acumula uma dívida assinalável.