Sabrosa vai instalar Museu da Filoxera em Provesende
O Museu da Filoxera vai ser instalado em Provesende, aldeia onde Joaquim Leite Pereira começou a combater esta praga que no século XIX praticamente destruiu a produção de vinho do Porto no Douro, anunciou a Câmara de Sabrosa.
O museu é uma iniciativa da autarquia e vai integrar a rede de núcleos museológicos do Museu do Douro, com sede em Peso da Régua. A obra espera apoios do Programa Operacional Regional do Norte.
A praga da filoxera, que foi provocada por um insecto originário da América, surgiu pela primeira vez em Portugal no concelho de Sabrosa, em 1863, em plena Região Demarcada do Douro. Foi Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira, um dos maiores proprietários da região e residente em Provesende, quem deu início ao combate da praga que assolou a mais antiga região demarcada do mundo - o Douro.
Portugal foi, juntamente com a França, um dos primeiros países onde a praga se fez notar na Europa e, nos meados da década de 80 do mesmo século já se tinha alastrado a toda a região demarcada, e até ao fim da década seguinte todo o país foi invadido.
Em pleno século XIX, os efeitos "foram devastadores". Com o rápido alastrar da praga, num período de cerca de vinte anos a produção do Vinho do Porto foi praticamente destruída e a maioria dos viticultores entrou em ruína.
Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira estudou o efeito de resistência da enxertia das castas portuguesas em castas americanas e introduziu a nova técnica nas vinhas do Douro e do resto do país. Foi através deste processo que foi recuperada a produção vitícola do país. O viticultor criou ainda uma escola em Provesende onde se ensinava vitivinicultura e se fazia a formação de podadores para as vinhas, os quais percorreram a região ensinando as novas técnicas que permitiram combater a filoxera.
O museu vai ficar instalado num lagar tradicional construído no século XIX e que ainda possui vestígios de um sistema de aquecimento para precipitar a fermentação. Um mecanismo que tem atraído a atenção de especialistas, diz a autarquia.
A Câmara de Sabrosa espera com esta opção "valorizar o património da aldeia vinhateira de Provesende e atrair turistas que possam constituir um forte contributo para o seu desenvolvimento económico".