Douro: Adega da Régua possibilita que cada um faça o seu vinho
Cinco empresários, do Algarve ao Douro, que partilham a mesma paixão pelo vinho, uniram-se para construir uma adega com alojamento turístico em Vila Seca de Poiares, Régua, onde os sócios podem fazer a sua própria produção vinícola.
A empresa - Luís Soares Duarte Vinhos Lda - é constituída pelo enólogo Luís Soares Duarte, o único que é natural do Douro, e mais quatro sócios, todos eles do Algarve, nomeadamente Domingos da Silva e Humberto de Sousa, respectivamente administrador e director financeiro da Quinta do Lago, Luís Baptista, empresário, e Armando Reis, Arquitecto, este também ligado à Quinta do Lago.
À iniciativa, lançada pelo enólogo em 2004, juntaram-se os amigos e conhecidos com ligações ao turismo e conhecimentos no mundo inteiro.
A ligação de Luís Duarte Soares ao Douro é histórica. O enólogo é sobrinho/bisneto de Antão Fernandes Carvalho, que foi ministro da Agricultura, presidente da Câmara da Régua e um dos fundadores da Casa do Douro.
Antão Fernandes de Carvalho nasceu em Vila Seca de Poiares, concelho do Peso da Régua, a aldeia onde os empresários estão agora a construir um pólo, que agrega uma adega e uma unidade de turismo, com cinco suites.
Luís Soares Duarte disse hoje à Agência Lusa que o investimento neste projecto ronda os dois milhões de euros.
"Queremos misturar a adega com a unidade de turismo e ligar as pessoas a um possível vinho da sua criação", salientou.
Ou seja, segundo o empresário vai ser criado o "Clube Momentos com o Vinho", que permitirá aos seus sócios usufruir das instalações em Vila Seca de Poiares, permitindo-lhes ainda fazer o seu próprio vinho, participando em todo o processo desde a selecção das uvas, vinificação nos lagares, engarrafamento e rotulagem.
Segundo o responsável, a produção máxima permitida a cada sócio será de 1500 litros, que ficarão guardados nas instalações da adega.
"A ideia é criar condições para quem gosta de vinho e do Douro, mas não possui a sua própria quinta, poder vir para aqui e fazer toda a actividade ligada à vinicultura", salientou Luis Soares Duarte.
O "target" do projecto é, frisou, o homem urbano, cosmopolita mas que gosta da terra.
Para além do vinho, os sócios poderão também usufruir das árvores de fruto, do azeite, compotas e de enchidos, dispondo de parcelas de terreno onde podem plantar a sua própria horta.
Com a actividade principal ligada à produção de vinhos do Douro, a empresa já possui as marcas "Perfil", "Reserva" e o topo de gama "Momentos", que já estão a ser vendidos para oito mercados, preparando-se para lançar, em breve, uma gama mais clássica, denominada "Soares Duarte".
O projecto prevê ainda a plantação de sete hectares de vinha em Vila Seca de Poiares e o arrendamento de 20 hectares, também de vinha, na região do Douro Superior.
Luís Soares Duarte quer que a próxima vindima já seja feita na nova unidade, uma adega projectada na vertical (em três pisos) onde os materiais que predominam são o betão, o ferro e o xisto.
A capacidade máxima de produção da adega, onde será instalada tecnologia de ponta, com cubas de 10 toneladas de aço inox suspensas e lagares de vinho, também de inox mas revestidos de xisto, será de 150 mil litros.
Toda a actividade nos lagares poderá ser observada, através de grandes vidraças, por quem esteja no salão da unidade de turismo, onde o ambiente será aquecido por uma lareira e adornado por uma antiga prensa de um lagar de azeite, mapas e fotografias da Região Demarcada do Douro.
Luís Soares Duarte prevê que o pólo esteja em pleno funcionamento até ao final deste ano.
Numa fase posterior, o empresário quer construir um hotel de charme e recuperar algumas casas antigas de Vila Seca de Poiares para turismo de aldeia.