Vinho verde. Os americanos adoram-no e está em alta em todo o lado
Robert Sherman, embaixador dos Estados Unidos em Portugal, andou de tesoura em punho a cortar uvas no vinho verde. Porquê? Porque é um seu admirador confesso e porque os EUA são o principal mercado importador.
Já lá vai o tempo em que a fama dos vinhos verdes ficava contida na região que os produzia... e pouco mais. Acompanhando a espantosa melhoria verificada nas últimas dezenas de anos em todas as regiões vitivinícolas portuguesas, também o vinho verde soube criar as condições para se tornar um belíssimo embaixador do que de bom se produz no nosso país. E por falar em embaixador, refira-se que na abertura oficial da vindima 2015 realizada na EVAG – Estação Vitivinícola Amândio Galhano, em Arcos de Valdevez, em pleno coração do Vale do Lima, esteve presente o embaixador dos Estados Unidos em Portugal, Robert Sherman, acompanhado do presidente da CVRVV – Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, Manuel Pinheiro, e de vários produtores da região. Ao almoço, o embaixador americano haveria de referir o seu gosto por estes vinhos, afirmando que são espectaculares, frisando bem a bondade da adjectivação e acrescentando: “A cada ano, o vinho verde é apresentado a mais americanos e estes recebem-no com satisfação. A expansão consistente no mercado americano é o reflexo da qualidade deste vinho. É com muito gosto que apresento Portugal e os produtos portugueses aos americanos e fico realmente entusiasmado por perceber que são cada vez mais os que descobrem e apreciam este fantástico produto português.”
De facto, os Estados Unidos são, neste momento, o principal destino importador dos vinhos verdes, com valores que em 2014 chegaram aos 10 milhões de euros, triplicando os montantes de há dez anos. Os melhores mercados americanos do vinho verde são a Califórnia e o Nevada, o primeiro destes estados com quase 38 milhões de habitantes e o segundo com pouco mais de 2,7 milhões. Porquê estes e não outros é uma resposta que tem a ver com a distribuição, que naquele grande país americano tem características completamente diferentes das europeias. Com cada vez menor peso está o mercado da saudade, já que os estados onde a presença do vinho verde é maior não registam uma forte presença de imigrantes portugueses e seus descendentes.
Em termos globais, e olhando para o contributo para a balança comercial portuguesa, o vinho verde segue na frente, ao representar mais de 50% das exportações de vinho português não licoroso para os Estados Unidos.
Em termos globais na exportação, dos cerca de 60 milhões de litros produzidos na colheita 2014/2015, exportaram--se um pouco mais de 22 milhões (40%), com os EUA à cabeça (com cerca de 7,3 milhões de litros), logo seguidos da Alemanha, com um volume de exportação em litros ligeiramente superior, mas com um valor levemente inferior em valor monetário. Nos lugares seguintes, com cerca de metade dos valores americanos e alemães, surge a França. O Brasil valeu milhão e meio de litros e, com mais de um milhão, o Canadá e Angola. Logo abaixo surgem Reino Unido, Suíça, Bélgica, Luxemburgo, Polónia (a existência da cadeia de supermercados Biedronka, propriedade do grupo Jerónimo Martins, é a explicação), Holanda e Suécia. Registe-se que este vinho é exportado para mais cerca de 80 outros países. Em euros, as exportações representaram 49,7 milhões, um aumento de 5 milhões em relação a 2013.
E a colheita de 2015 na Região dos Vinhos Verdes, como vai ser? Responde-nos Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV: “Tudo aponta para um ano de excelentes colheitas. A previsão da campanha para 2015 deixa-nos optimistas quanto à capacidade de resposta da região para satisfazer a procura crescente de vinho verde, designadamente nos mercados internacionais.”
A Região Demarcada dos Vinhos Verdes vive uma situação praticamente única no país, com valores de stocks muito baixos face ao nível da procura e com as exportações a quadruplicarem em menos de 15 anos. Deste modo, a CVRVV, organismo interprofissional que representa os interesses das profissões envolvidas na produção e comércio do vinho verde, procura investidores que queiram plantar vinhas para satisfazer a procura quer nacional quer internacional.
Castas do Vinho Verde
As castas das uvas utilizadas estão regulamentadas oficialmente. Além das mais famosas, que mostramos em baixo, há mais de 40 outras, mais ou menos populares em cada uma das sub-regiões.
ALVARINHO, LOUREIRO, ARINTO (PEDERNA), TRAJADURA, AVESSO, VINHÃO