Notícia

Vinho. Cortiça ou screw cap? Governo quer menção no rótulo

i online | 12-12-2012 | Geral, Outros
A Comissão Europeia já foi notificada. Para já, produtores e distribuidores de vinho estão contra.
O governo está a estudar a hipótese de obrigar os produtores de vinho a mencionar no rótulo se a rolha utilizada é ou não de cortiça. A Comissão Europeia já foi notificada e o processo está em fase de consulta. Produtores e distribuição estão contra.

A ideia de ter no rótulo uma menção obrigatória ao tipo de vedante utilizado é do governo Sócrates, que deixou preparada legislação sobre a matéria.

“Reconhecemos o mérito da proposta mas entendemos ser importante, antes de avançar com a regulamentação, auscultar/discutir com os devidos sectores. Assim sendo, o actual governo decidiu notificar a Comissão Europeia e, em paralelo, consultar todas as partes interessadas – consumidores, distribuição, sector da cortiça e do vinho –, com o objectivo de testar compatibilidade com direito comunitário e identificar eventuais dificuldades ou impactos desta medida”, disse ao i o Ministério da Agricultura.

O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) já enviou um questionário às partes interessadas e os produtores de vinho e a distribuição manifestaram-se contra.

Miguel Champalimaud, um dos primeiro produtores a utilizar screw cap (tampa de enroscar) no seus vinhos, disse ao i que “o sector corticeiro capturou o sector de vinho da mesma maneira que a EDP capturou o sector da energia”.

O produtor dos vinhos Quinta do Côtto, que exporta 30% da sua produção, diz que se a medida é assim tão importante e as corticeiras acreditam que pode fazer a diferença, “os que querem a rolha de cortiça que o escrevam”.

Champalimaud diz que “do ponto de vista técnico, a screw cap é mais efectiva como vedante, melhor para conservar o vinho, melhor do ponto de vista económico-financeiro e até do ponto de vista ambiental, já que o alumínio é reciclável indefinidamente”.

Nos mercados externos há quem prefira a cortiça, como a Polónia ou a China, “e nós, no contrato que assinamos, deixamos bem claro que não há direito a reclamações”, mas também há quem goste mais de screw cap, como os ingleses.

Ainda assim, “o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território entende ser importante reforçar a ligação do vinho à cortiça e já está a trabalhar com as associações sectoriais no sentido de promover a menção do tipo de vedante na rotulagem, mas de forma voluntária”.

O ministério espera que o repto lançado aos sectores produza efeitos visíveis, incluindo acções de promoção que reforcem a sinergia entre vinho e cortiça. “Neste âmbito, o IVV está também a explorar a eventual possibilidade de recorrer a financiamento comunitário para este fim”, afirmou fonte oficial.

“Qualquer dia vão pedir que os remédios voltem a ter rolha de cortiça e que os refrigerantes e a cerveja voltem a usar a lâmina de cortiça como antigamente, e legislam nesse sentido. A pretensão é ridícula da parte de quem pede e de quem decida homologar a lei”, remata Miguel Champalimaud.

Perto de 95% dos vinhos exportados e importados utilizam rolha de cortiça. Em Portugal, os preços da rolha podem variar entre os 3 cêntimos e os 2 euros. A nível global e em termos de vedantes, a quota de mercado do sector da cortiça situa-se nos 70%.

A Corticeira Amorim vendeu em 2011 3,6 mil milhões de rolhas, de um total de cerca de 12 mil milhões que são vendidas todos os anos no mundo.

Comentários dos utilizadores

eduardo dias lopes
Na verdade nós somos culpados de muitas coisas que a isso somos hoje obrigados e gostamos de dar tiros nos pés. Além disso demonstrar que a cortiça é menos reciclável é não conhecer o LCA. Se houver cuidado na recolha das rolhas o que é fácil a cortiça tem um ciclo de vida mais longo que muitos dos outros materiais e no fim de vida pode produzir energia em vez de a consumir se não usarmos o pó como colector de poluentes em meios aquosos. Para mim bber vinho de uma garrafa com tampa de enroscar é não saber apreciar uma bebida que está acima de qualquer outra que se use numa refeição. E isto sem entrar em áreas técnicas ou científicas sobre as propriedades da cortiça, pois quando convenientemente tratada é inócua e preserva as propriedades de um bom vinho durante muitos anos. Resumindo vinho sem rolha de cortiça não é vinho mas sim outra bebida que não tem as mesmas propriedades.

Comentar


  • Introduza as letras da imagem.
     

  • Os comentários são publicados após aprovação. O Infovini reserva-se o direito de alterar ou não publicar comentários que não contribuem para a discussão do assunto em questão, que contêm linguagem inapropriada ou ofensiva e se relacionem com algum tipo de promoção individual ou colectiva.