Notícia

Da marca Portugal a uma marca Região

Rui Estrela, Professor e Dir. Mestrado em CC, Marketing e Publicidade na ULHT | Sol | 23-11-2012 | Geral, Artigos
Numa altura de crise profunda da economia portuguesa, em que os últimos dados sobre exportações apresentam resultados muito aquém do expectado, torna-se urgente o relançamento da marca Portugal a fim de tentar dinamizar a nossa balança comercial e acrescentar mais valias ao sector produtivo/exportador português.
Ao nível dos consumidores, o valor da marca advém da facilidade de interpretar, processar e armazenar toda a informação que recebem sobre as diferentes marcas e produtos. A marca é então facilitadora do processo de decisão do consumidor. Nas organizações, esta permite o aumento dos cash flows gerados.

Uma marca tem valor quando os consumidores reagem mais favoravelmente ao produto a partir do momento que conhecem e identificam a marca. Este efeito diferencial no consumidor ocorre a nível cognitivo, afectivo e comportamental. A análise do valor da marca para o consumidor baseia-se no conhecimento do impacto desta no processo de decisão de compra. Conhecer o valor da marca deve partir da análise do conhecimento da mesma, avaliada a partir da notoriedade e das associações à marca.

A pesar de defender que a construção da marca Portugal tem de passar por uma restruturação profunda da sociedade portuguesa em todos os domínios - pois só irá possuir valor quando for o resultado de mudanças estruturais consistentes, com impacto profundo na alteração de percepções -, torna-se necessário criar um novo modelo que acelere etapas.

A percepção negativa que os estrangeiros têm de Portugal (país sujeito a ajuda financeira internacional, porque vive acima das suas possibilidades e com elevado nível de corrupção) impossibilita a utilização do seu nome pelo tipo de associações inerentes.
Portugal possui uma indústria transformadora primária de grande qualidade, em que salientamos a indústria alimentar ou a têxtil/calçado, para não referir as in­ternacionalmente conhecidas como a da cortiça ou dos moldes.

Deste modo, propomos a criação de 'marcas Região' associadas a produtos específicos de comprovada qualidade, como vinhos do Alentejo, Dão ou Douro, queijos das Beiras, enchidos de Trás-os-Montes ou Alentejo, doçaria de Alcobaça, azeite de Serpa ou Santarém, em detrimento da'marca Portugal'. Cabe ao Governo, ou AICEP, criar as condi­ções para os produtores de um tipo de produto de determinada região trabalharem em conjunto e assegurarem os parâmetros de qualidade dos produtos.

No âmbito da 'marca Região' torna-se fundamental para o cluster organizar e direccionar acções de promoção com o objectivo de conquistar e consolidar mercados, tecnicamente mais complexos e geograficamente mais diversificados, alargando a base exportadora desta indústria.

É neste enquadramento que importa salientar que o uso de uma marca colectiva representa um patamar máximo e distintivo dos processos de cooperação industrial, im­pondo desafios e compromissos para a indústria da 'marca Região', garantindo a maximização dos efeitos de uma marca partilhada de um sector e de uma região do país, elevando a sua diferenciação no mercado internacional.

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