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Ministério da Agricultura trabalha para manter "lugar histórico" no Brasil

Lusa | 27-03-2012 | Geral, Economia
O Ministério da Agricultura disse que "está a trabalhar para, junto do Governo brasileiro, conseguir que os vinhos portugueses mantenham o lugar histórico que sempre tiveram junto dos consumidores brasileiros".
O Brasil é o quarto maior mercado para o vinho português, razão pela qual o alarme soou entre os produtores nacionais desde que, há pouco mais de uma semana, as autoridades brasileiras anunciaram que iriam "averiguar a necessidade de aplicação de medidas de salvaguarda sobre as importações brasileiras".

Há "indícios suficientes de que as importações brasileiras de vinho aumentaram em condições tais que causaram prejuízo grave à indústria doméstica", alegam.

Contactado pela Agência Lusa sobre a questão, o Ministério da Agricultura português respondeu que "está a acompanhar com atenção a discussão levantada sobre o sector do vinho no Brasil e a sua influência nas importações de países terceiros (fora do Mercosul)".

O Ministério informou ainda que, "em conjunto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, está a trabalhar para, junto do Governo brasileiro, conseguir que os vinhos portugueses mantenham o seu lugar histórico" no grande mercado brasileiro.

O vice-presidente da Viniportugal e também produtor Luís Pato olha para a situação com "grande preocupação". "O Brasil é um dos nossos mercados-alvo e, mais do que isso, estratégico", justificou.

Em 2011, as exportações de vinhos portugueses para o Brasil somaram quase 24 milhões de euros, mais cerca de 19 por cento face ao ano anterior.

"O Brasil quer aumentar os impostos sobre o vinho importado de 27 para 55 por cento e a Europa não reage. O facto de eles impedirem que o vinho da Europa entre no Brasil não vai proteger os produtores brasileiros, porque os argentinos e os uruguaios não ficam limitados e produzem muito mais barato e melhor do que os brasileiros", analisou.

O responsável considerou ainda que "este é um problema do Rio Grande do Sul", região brasileira onde se produz mais vinho, e "um pequeno negócio para o Brasil".

"Logo que a questão surgiu, informei as autoridades portuguesas, inclusive o Ministério da Agricultura", salientou.

O presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), Manuel Cabral, defende que a questão "é eminentemente política".

"O IVDP tem acompanhado em detalhe e muito de perto a situação. Tendo em conta a importância que o mercado brasileiro tem para o vinho do Porto e do Douro, o IVDP oportunamente colocou a questão ao governo, designadamente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros", realçou.

Manuel Cabral disse que o problema está a ser tratado "nesse âmbito".

Foi já com esta sombra presente que decorreu a primeira edição da "Brasil International Wine Fair", no Rio de Janeiro, organizado pela Essência do Vinho Brasil em parceria com a ASSERJ - Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro.

"Os produtores europeus e até o Chile - que se encontra fora do Mercosul - serão muito penalizados" se o Brasil avançar com medidas proteccionistas neste sector, alertou o director da Essência do Vinho Nuno Botelho.

"Além de restrições de volume, a medida poderá implicar regras mais apertadas, falando-se já da obrigatoriedade de uma licença de importação que levará a mais burocracia, tempo acrescido de autorização e, claro, aumento de preço", salientou.

"Este último aspecto é particularmente sensível, dado que o vinho europeu é tido como genericamente caro no Brasil pois, em média, a carga fiscal representa mais de 80 por cento do preço final junto do consumidor", exemplificou Nuno Botelho.

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