Negócio parado com a Dão Sul
As negociações entre a Casa do Douro e a sociedade vitivinícola Dão Sul estão paradas. A empresa pretendia adquirir 51% da participação da instituição duriense na Real Companhia Velha. Mas o negócio não está descartado.
O presidente da direcção da Casa do Douro, Manuel António Santos, confirmou ao JN que "os contactos cessaram" e que, neste momento, aguarda-se por "uma melhor oportunidade", que não sabe se surgirá. "Nesta altura de crise, os negócios são muito difíceis", observou. A Dão Sul também não quer pronunciar-se, por agora, sobre esta questão. Ao JN remeteu para este mês uma eventual explicação sobre as intenções de retomar, ou não, as negociações.
A Dão Sul, através da "holding" Global Wines, criada há um ano, pretendia adquirir 51% dos quatro milhões de acções da Real Companhia Velha (RCV) detidos pela Casa do Douro, correspondentes a 40% do capital social da empresa. O negócio envolveria 15,5 milhões de euros.
Manuel António Santos explicou que "a Casa do Douro formaria uma empresa com a Dão Sul que entraria na administração da RCV". Por outro lado, era encarada como uma via para a instituição duriense "escoar alguns dos seus vinhos e fazer dinheiro para pagar as dívidas". Por enquanto, essa solução está posta de parte.
Entretanto, a Casa do Douro propôs à RCV pagar-lhe o que deve com 600 mil acções da sua participação naquela empresa. "Há um acordo com o patriarca da família Silva Reis para receber as acções a preço de custo, o que totaliza 7,2 milhões de euros", explicou Manuel António Santos. Só que a RCV avançou com uma contraproposta em que pede 650 mil acções para considerar a dívida liquidada. "Não andamos muito longe, mas queremos ficar-nos pelas 600 mil", frisou Manuel António.
Por seu lado, o presidente da junta de administração da RCV, Pedro Silva Reis, preferiu não alargar-se em comentários sobre o assunto, ao JN, para "não interferir nas negociações". "Estamos em conversações, mas não tem havido desenvolvimentos", limitou-se a acrescentar o responsável.
A dívida da Casa do Douro à Real Companhia Velha resulta, segundo Pedro Silva Reis, de "empréstimos" efectuados à instituição que representa a lavoura duriense e do "encontro de contas" que se arrastam desde que adquiriu 40% do capital social da empresa, na década de 90 do século passado. "Neste momento, a dívida andará à volta dos 10 milhões de euros", disse, explicando que quanto mais tempo passa sem se resolver a questão mais aumenta o valor do débito.