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Fundo documental da Real Companhia Velha já não deverá ir para o arquivo de Gaia

Público | 25-04-2008 | Geral, Regiões, Património
Presidente da empresa garante que o fundo documental que remonta a 1756 é património da firma e não sairá para parte alguma.
Afinal, o fundo documental da Real Companhia Velha já não vai para o Arquivo Municipal de Gaia, ao contrário do que chegou a ser anunciado pelo presidente da câmara, Luís Filipe Menezes. Em Fevereiro passado, numa visita ao novo arquivo municipal, o presidente da Câmara de Gaia anunciou que o equipamento ia receber o acervo da Real Comapanhia Velha, que também estaria a ser disputado pelo futuro Museu do Douro. "É o espólio mais significativo sobre a história do vinho do Porto", congratulou-se então o autarca, acrescentando que as negociações se arrastavam há muito.
Mas o presidente da Real Companhia Velha, Pedro Silva Reis, afirma que o arquivo da empresa, um fundo documental que remonta a 1756 e que inclui cerca de nove mil livros manuscritos, não está de saída, nem para o Arquivo de Gaia, nem para o Museu do Douro, nem para parte alguma.

"Está aqui e está bem. O arquivo pertence à empresa, é a sua alma e não há nenhuma motivação para o alienar", declarou Silva Reis ao PÚBLICO, acrescentando que, enquanto a Real Companhia Velha tiver espaço nas suas instalações para o acolher condignamente, o arquivo permanecerá na sede da companhia". O administrador faz, no entanto, uma ressalva: "Se, um dia, a empresa tiver que racionar meios e estiver confrontada com a necessidade de gastar milhares de euros para fazer um salão ou um edifício [para o arquivo, estará disposta a rever a sua posição]".

O presidente da administração da Real Companhia Velha também não fecha a porta à cedência de elementos do acervo da empresa às instituições que o disputaram. "Enriquecer o novo Arquivo de Gaia, porque não? Enriquecer o Museu do Douro, porque não?", admite.

Contactado pelo PÚBLICO, o director do Museu do Douro, Fernando Maia Pinto, declarou que o acervo da Real Companhia Velha "é um Rolls-Royce que toda a gente quer, um arquivo notabilíssimo, sem o qual não há pensamento sobre o Douro". "Mas quanto custa?", resigna-se o director do museu, que não acredita que o Estado esteja em condições de adquirir aquele acervo tão cedo. Até porque o arquivo não está em risco e tem vindo a ser estudado, nota.

Maia Pinto declarou ainda que o Museu do Douro, cuja inauguração está prevista para 14 de Dezembro, com 11 pólos espalhados pela região, mantém "um diálogo profíquo" com a Real Companhia Velha, com a qual pretende vir a concretizar "parcerias para muitas actividades".

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