Vinho português quer conquistar os chineses à mesa
O vinho português do Douro tem mais um tinto de mesa na China a partir de hoje, para seduzir uma elite apreciadora de vinhos e conquistar mercado para um dos produtos que mais promovem Portugal no estrangeiro.
O Altano Reserva 2005, indicado como um dos 100 melhores vinhos do mundo pela Wine Spectator em 2007, pretende conquistar os consumidores de gosto exigente e vai ser vendido como produto de alta qualidade, em hotéis, restaurantes, lojas de vinhos e alguns supermercados, onde uma garrafa custa cerca de 314 renminbi (cerca de 29 euros).
"Estamos na China para promover o vinho do Douro, para educar os consumidores e para dar apoio aos distribuidores", explicou hoje à Lusa Jorge Nunes, enólogo da Symington Family Estates, por ocasião do lançamento do Altano Reserva Douro 2005, em Pequim.
"O mercado chinês tem um enorme potencial, é um mercado premium para o vinho português", assegurou o enólogo, "porque existe aqui uma elite com um nível cultural elevado, que gosta de vinhos, conhece muito bem o produto e paga um valor acima da média por uma garrafa de bom vinho".
Apesar do mercado chinês representar menos de um por cento do volume de vendas de vinho da empresa portuguesa do Douro, depois da entrada em mercados como o Japão e Singapura, a Symington Family Estates está a apostar no mercado da China e da Coreia do Sul.
Segundo o enólogo, a empresa envia cerca de 20 mil caixas de vinho português por ano para a Ásia, das quais cerca de três mil caixas são destinadas à China, que ainda é um mercado pequeno para o vinho da região do Douro.
"Mas cresce 30 por cento ao ano e nós consideramos que a presença na Ásia é importante para encontrar novas soluções para o nosso vinho", justificou o especialista.
Segundo Jorge Nunes, o vinho português consegue competir na Ásia em termos de preço e as principais dificuldades à sua introdução na China são a enorme dimensão do mercado, o que dificulta a distribuição, e a falta de conhecimento do consumidor.
"As pessoas não pensam Porto, não há cultura nem tradição do vinho português e Portugal está muito pouco representado na China", explicou Jorge Nunes, "por isso é preciso educar o consumidor, criar a necessidade do produto e promovê-lo junto dos distribuidores, dos críticos e dos apreciadores de vinho".
Os chineses gostam do vinho português, garante o enólogo, observando que "primeiro estranham o sabor forte e doce, mas ficam surpreendidos e começam a gostar", por isso a melhor solução é a promoção de Portugal e dos seus vinhos.
A estratégia futura da empresa para a China passa por consolidar a presença no mercado, mais que apostar em novos produtos.
"Vamos focalizar a nossa presença na China em produtos chave, queremos estabelecer o gosto e a percepção deste vinho, que é produzido com as mesmas castas utilizadas na produção do vinho do Porto, e que implica um processo intenso de descoberta", conclui Jorge Nunes.