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Atrasos no QREN comprometem promoção dos vinhos portugueses

Envelope de 5,7 milhões devido à ViniPortugal em falta desde início de 2007

Vida Económica | 11-04-2008 | Geral, Economia, Outros
A promoção internacional dos vinhos portugueses pode sofrer um sério revés caso não sejam desbloqueadas as verbas prometidas à ViniPortugal no âmbito do QREN.
Segundo Vasco d'Avillez, presidente da ViniPortugal, são 5,7 milhões de euros devidos a esta entidade que deveriam ter sido pagos a partir de Janeiro de 2007. «Foi-nos dito que estas verbas, destinadas a promoção e sobre as quais já temos vindo a trabalhar, serão pagas com cobertura e retroactivos, pois estão presas por 'tecnicalidades' ainda por desbloquear».

Segundo aquele responsável, todo o processo deverá estar concluído, «para o bem ou para o mal», até final de Abril. Trata-se de um importante subsídio à actividade de promoção internacional da ViniPortugal, a juntar ao orçamento anual de 2,85 milhões de que aquela entidade dispõe, mas cuja falta poderá colocar em risco toda a sua estratégia: «Se essas verbas não chegarem, não ficaremos a dever a ninguém, mas teremos que parar com toda a nossa promoção», desmantelando assim anos de trabalho, alerta Vasco d'Avillez.

Este responsável sublinha que nada está ainda contratualizado, recordando o que se vem passando com a taxa de promoção que os produtores de vinho pagam ao Instituto da Vinha e do Vinho (IVV): «Desse montante, que deveria reverter na totalidade para a actividade de promoção da ViniPortugal, estornam apenas 30%», sendo que os restantes 70% ficam no IVV. «Como não ficou nada escrito, aguardamos ainda que seja cumprido o que nos prometeram há 10 anos, quando essa taxa foi criada». Por outro lado, Vasco d?Avillez sublinha que os valores disponíveis são insuficientes: «Bordéus apenas conta com um orçamento para promoção de 50 milhões de euros e Espanha com 70 milhões». Não obstante, diz, «podemos fazer mais, mas teremos que alargar o nosso quadro de pessoal, actualmente com 10 colaboradores, escolhê-los e formá-los. Isso demora tempo e não podemos trabalhar com base em pressupostos». Assim também se explica a urgência no pagamento das verbas prometidas no âmbito do QREN. A ViniPortugal surge como aglutinadora de pequenas empresas, cujos projectos são elegíveis no âmbito do sistema de incentivos à qualificação e internacionalização.

Falta de associativismo leva ao desperdício de recursos

Para além destas fontes de receita, a ViniPortugal aguarda as determinações ministeriais quanto à utilização do envelope financeiro que resulta da reforma da Organização Comum do Mercado, que começará a vigorar depois de Agosto de 2008 até 2013. Recorde-se que este envelope, no valor de 62 milhões de euros, é uma compensação dada pela determinação do fim dos apoios à destilação de vinho e ao arranque da vinha, que em Portugal deverá rondar os 20 mil hectares em cinco anos. A verba é também aplicável à promoção nos países exteriores à UE.

À margem do debate organizado pela ViniPortugal sobre o estado da promoção do sector, Vasco d' Avillez faz um balanço positivo da implementação da estratégia recomendada no relatório Porter, apontando os mercados britânico e norte-americano como prioritário, «onde temos vindo a crescer nas vendas todos os anos». Segundo o IVV, as exportações globais de vinhos com denominação de origem cresceram 22% em volume e 26% em valor no ano transacto, sendo que o vinho representa 15% do total da produção agrícola do país, representando um volume de 1,3 mil milhões de euros. Aquele responsável lamenta ainda «o desperdício de recursos provocado pela falta de associativismo», com empresas que prosseguem as suas acções de promoção de forma independente e sem qualquer interligação.

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