Exportação de Vinhos para o Mercado Brasileiro
As importações brasileiras de vinhos de mesa finos em 2008 totalizaram, no conjunto de todos os países exportadores, US$ 165,387 milhões, que corresponderam a 53,3 milhões de litros. Relativamente ao ano de 2007 assistiu-se a um crescimento de 5,81% em valor e uma queda de 5,69% em volume.
Estes valores são preocupantes, uma vez que nos últimos cinco anos as exportações de vinhos para este mercado tiveram um crescimento na ordem dos 26,79% ao ano em valor, o que poderá ser um claro indício das mudanças tributárias que o principal mercado consumidor (Estado de São Paulo) teve no primeiro semestre do ano e da forte influência cambial a partir de Setembro, período este que apresenta os maiores volumes de importação devido à sazonalidade.
As exportações portuguesas de vinhos para o Brasil apresentaram o pior crescimento entre os países exportadores, com um aumento de apenas 0,66% em valor e uma queda de 8,63% em volume face a 2007. Em valores absolutos Portugal exportou, durante o ano de 2008, US$ 23,65 milhões e cerca de 6 milhões de litros, com uma quota de mercado de 14,3% e 11,35% respectivamente. Estes valores significaram uma perda da posição de 3º maior exportador de vinhos para a Itália, passando Portugal a ocupar o 4º lugar. O preço médio do vinho exportado português foi de US$ 3,9/litro.
Nos últimos 5 anos Portugal cresceu na exportação de vinhos de mesa finos para o Brasil a uma média de 22% em valor e de 15% em volume, ao ano.
Outros PaísesO Chile mantém a sua posição de maior exportador de vinhos para o Brasil. Em 2008 exportou US$ 50,74 milhões e 18 milhões de litros, detendo uma quota de mercado de 30,68% em valor e 33,94% em volume. Relativamente a 2007 houve um crescimento de 6,44 e um decréscimo de 1,06%, respectivamente. O Chile tem vindo a consolidar a sua posição de maior exportador de vinhos para o Brasil, nos últimos seis anos. É de salientar o facto de que os Governos brasileiro e chileno acordaram um desagravamento do Imposto de Importação (II) nos próximos anos, sendo em 2011 a isenção deste imposto de 100%. Esta medida vai beneficiar ainda mais a exportação de vinhos chilenos para o mercado brasileiro.
A Argentina é o segundo maior exportador de vinhos, tendo exportado em 2008 US$ 37,35 milhões e 14,27 milhões de litros, que corresponderam a um aumento, face ao ano de 2007, de 26,77% em valor e uma queda de 7,85% em volume.
Depois de 3 anos consecutivos na 4ª posição, a Itália terminou 2008 como o 3º maior exportador de vinhos para o Brasil não só em quantidade, mas também em valor. Contrariando a tendência geral a Itália teve um crescimento de 10,66% em valor e de 5,53% em volume face a 2007, que corresponderam em valores absolutos a US$ 24,36 milhões e 9,66 milhões de litros.
A França mantém a quinta posição e também apresentou um crescimento interessante em valor (10,64%). Em volume teve uma queda de 8,73%, face a 2007. O preço médio do vinho exportado da França foi de US$ 6,78/litro, sendo o valor mais alto do conjunto de todos os países europeus, o que permite concluir que está apostar fortemente nos vinhos de melhor qualidade e maior valor acrescentado.
A Espanha foi o país que teve a melhor performance, com um crescimento de 33,98% em valor e 15,04% em quantidade, face a 2007. Nos últimos 6 anos a Espanha aumentou as suas exportações em 300,71%. No entanto a sua quota de mercado é de 3,64% em valor e 1,83% em volume. Este país tem apostado fortemente nos vinhos de alta qualidade, sendo o preço médio de exportação de US$ 6,18/litro.
ConclusãoDurante o ano de 2008 houve uma clara redução no volume de vinhos exportados para o Brasil, que poderá ser explicado pelas alterações a nível tributário que se deram no mercado e à valorização continua do dólar a partir do segundo semestre do ano, que acabaram por provocar um aumento no preço dos vinhos. No entanto, países como a Itália, França e Espanha, conseguiram quebrar essa tendência aumentando as suas exportações tanto em valor como em volume, apostando em vinhos de maior qualidade e valor acrescentado.
Assim sendo, é muito importante que Portugal mantenha o esforço de promoção que tem vindo a desenvolver nos últimos anos, tanto pelos produtores e importadores, como pelas instituições ligadas ao sector e que lhe deram um papel de destaque junto do consumidor brasileiro de vinhos, sob a pena de ser substituído por outros países exportadores europeus.