O excesso de produção, a procura de vinhos mais baratos e a proliferação de produtores não profissionalizados são identificados pelos responsáveis da Vinalda e da Prime Drinks – duas das maiores distribuidoras de vinhos nacionais – como entraves ao negócio. Para responder à instabilidade do mercado, as distribuidoras estão a abrir o capital a empresas produtoras.
A Vinalda atingiu em 2006 o volume de caixas vendidas previsto - 330 mil. Mesmo assim, teve uma facturação bastante inferior à antecipada: 23 milhões de euros, (crescimento de 4%) contra o objectivo de 25,7 milhões. "Foi preciso baixar preços e introduzir marcas de valor inferior para ir de encontro ao que o mercado quer", justifica José Casais, presidente da Vinalda. De acordo com o responsável, os produtos até 5 euros são os mais populares. "96,3% dos vinhos vendidos tem um valor abaixo dos 4 euros, e o preço médio tem baixado a um ritmo de 2%", indica, por outro lado, Denis Coubronne, director da Prime Drinks.
Os responsáveis atribuem esta tendência ao excesso de produção, uma situação agravada pela proliferação de pequenos produtores que acabam por escoar os produtos a preços inferiores. "Se houve quebra do consumo foi na ordem de 1%, 1,5% ao ano. O que houve foi muitos produtores a entrarem no mercado depois de um esforço de construírem adegas e vinhas há cinco ou dez anos atrás", diz José Casais. Estes "colocam os vinhos nos restaurantes quase dados", refere.
Denis Coubronne coincide no diagnóstico. “As empresas viram-se para a exportação, mas ainda não conseguem escoar o excesso, o que motiva a baixa de preços. Há meia dúzia de anos, apareceram inúmeras marcas que poluíram um pouco o panorama. Muitas delas têm grande dificuldade e práticas comerciais muito agressivas, vendendo, eventualmente, abaixo do preço de custo”, diz. Segundo explica, a produção destes empresários - donos de herdades que, antes da subida dos preços, nos anos 90, decidiram plantar - chegou ao mercado depois de 2000, num contexto de menor procura.
A alteração da estrutura da Prime Drinks, em 2004, com a entrada da Herdade do Esporão na estrutura accionista, foi também uma reacção à situação de sobreprodução do mercado. A empresa alcançou, em 2006, um crescimento da facturação líquida de 27%. "Saímo-nos bem porque associamos três empresas grandes, repartindo custos de 'know-how' e de investimento", refere Denis Coubronne.
Entre os melhores do mundo
No seu primeiro relatório sobre vinhos portugueses, o crítico de vinho norte-americano Robert Parker colocou-os num patamar comparável aos melhores vinhos do resto do mundo, informou em comunicado a casa Quinta do Castro. A prova do especialista internacional incidiu sobre uma tabela de 305 vinhos brancos e tintos. A região demarcada do Douro aparece no relatório como "a mais cotada", ocupando os 25 primeiros lugares. A Quinta do Crasto é o produtor da região com maior número de vinhos com pontuação superior a 92 pontos. As produtoras Niepoort, Domingo Alves de Sousa, Maria Serôdio de Sá Borges, Lemos & Van Zeller, Ramos-Pinto, Sogrape, Quinta do Vale Meão e Prats & Symington também aparecem bem classificados.