As adegas cooperativas produzem mais de metade do vinho nacional, mas representam apenas um quinto das exportações. O sector quer combater a imagem de elo mais fraco e, através de um novo movimento que agrupa nove das principais adegas, encetar um ambicioso programa de internacionalização. A conquista de mercados da Europa Central tornou-se o desígnio principal.
Na passada semana, representantes da distribuidora britânica B&F estiveram no Dão a proceder a prova de vinhos das adegas que fundaram o movimento A-9. Os britânicos gostaram do que viram e provaram, elogiando a qualidade. Os viticultores nacionais ficaram entusiasmados com os negócios que se perfilam. Escancarou-se uma porta de entrada para o apetitoso mercado do Reino Unido e várias janelas de oportunidade para o Leste. É que a B&F está a estabelecer parcerias com empresas de países como a Polónia, Rússia, Hungria ou Bulgária e precisa de fornecedores para abastecer a sua rede de agentes.
“São mercados muito competitivos, a que só poderemos ter acesso com uma relação imbatível de qualidade e preço”, resume Manuel Costa Oliveira, vice-presidente da Vini Portugal em representação da Fenadegas. As exportações priorizarão uma gama de vinhos que, à saída da adega, se situe no intervalo entre um e quatro euros.
A ofensiva da Europa Central é apenas uma das cruzadas em que este movimento está envolvido. Consciente de que as suas marcas sofrem de um défice de «marketing» e promoção, estabeleceu um programa trienal de €1,5 milhões que este ano combina acções em mercados prioritários, como os Estados Unidos, Canadá e Brasil, com realidades emergentes como as do Japão e China. A parceria com a B&F induzirá uma intervenção mais assídua em Londres e a entrada das marcas das nove adegas em concursos internacionais. “Estamos agora a semear para mais tarde colher. Depois do Verão, contamos ter assegurado grandes negócios”, diz Manuel Costa Oliveira. O gestor nota que a qualidade dos vinhos das adegas nem sempre é devidamente reconhecida e gostaria que mais unidades aderissem ao A-9, uma união de esforços para combater o imobilismo que paralisa um tecido cooperativo, desenhado nos anos 60.
No mercado interno, adegas como a do Redondo (líder com o Porta da Ravessa), Reguengos e Borba, repartem com Sogrape ou Finagra o «top ten» das vendas. O movimento cooperativo quer agora replicar esta vitalidade nos mercados de exportação.
O QUE É O A-9
A versão que replica nas cooperativas o espírito do G-7 foi o caminho escolhido por nove adegas para a promoção externa das suas marcas. Vercoop, Felgueiras, Régua, Santa Marta, Favaios, Covilhã, Udaca, Borba e Pegões fundaram um movimento que representa 105 milhões de garrafas por ano. A aliança vai agora evoluir para uma fase superior, aprofundar sinergias e avaliar iniciativas, como uma central de compras.