Adega cooperativa em dificuldades
A direcção da Adega Cooperativa de Viana do Castelo procura um parceiro estratégico que permita a viabilização da estrutura, que conta cerca de 400 associados. Credores reúnem-se no próximo mês para apreciar a situação.
"A situação por que passa a adega é dramática. Foi acusada, inocentada e encontra-se, agora, em insolvência". O presidente da Direcção da adega vianense, Bettencourt Lopes, referiu-se, assim, ao actual momento da cooperativa concelhia, cujo passivo ascende a cerca de 700 mil euros.
Após decisão judicial "que lhe é desfavorável", tomada, este mês, pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (decisão essa a que a cooperativa recorreu), a adega vianense procura parceiro estratégico que permita a viabilização da estrutura, actualmente participada por cerca de 400 associados. "O nosso esforço dos últimos tempos tem sido nesse sentido", admitiu Bettencourt Lopes, dando conta de que em equação pelos órgãos da adega está a possível rentabilização das instalações, situadas em Mujães, com uma área de cerca de um hectar, e consequente relocalização da adega em diferente espaço. "Tal permitiria à cooperativa dar um salto por cima", vaticinou.
No próximo mês, os credores da cooperativa reúnem-se para apreciar a situação da adega, encontro que tem por base um pedido de insolvência formulado por uma instituição financeira. Para Bettencourt Lopes, na origem dos "crescentes prejuízos" que a cooperativa de Viana do Castelo vem acumulando está uma participação feita em 2002 pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) à Inspecção-Geral das Actividades Económicas, por, alegadamente, ter detectado a existência de corantes orgânicos sintéticos nos vinhos da adega vianense, situação que conduziria a um processo-crime, em tribunal.
Por sentença proferida três anos depois, o Tribunal de Viana do Castelo absolveria a adega. "Porém, a imagem da cooperativa sofreu muito. E continua a sofrer", considerou o responsável, assinalando que, até 2002, a estrutura comercializava cerca de um milhão de litros de vinho, "volume que tem vindo a decrescer, de ano para ano, até uma produção praticamente residual, como a verificada no ano passado", disse.
Absolvida da acusação movida pela CVRVV, a adega vianense interpôs, então, uma acção contra aquele organismo, exigindo-lhe uma indemnização de 1,25 milhões de euros, por "prejuízos causados à adega de Viana do Castelo, cuja maioria dos associados são pequenos agricultores, que vivem dias difíceis".