Municípios querem "Rotas de Vinhos" que aproveitem melhor os fluxos turísticos
Associação de Municípios Portugueses do Vinho tenta sensibilizar ministro da Agricultura para a promoção interna das produções e integrar aqueles percursos em projecto nacional.
O conselho directivo da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) acha que boa parte das rotas regionais de vinhos portugueses não está a funcionar devidamente e considera que nessas condições não é possível criar um projecto nacional que aproveite um sector turístico que movimenta 20 milhões de turistas por ano na Europa.
Esta foi uma das preocupações abordadas na reunião daquela associação, em Alenquer (o concelho do país onde se produz mais vinho e uva de mesa), onde também estiveram em foco as conclusões de uma reunião que a associação manteve com o ministro da Agricultura, Jaime Silva.
"Precisamos de ter rotas que funcionem e que funcionem bem e depois de as integrar num projecto nacional", vincou José Arruda, secretário-geral da AMPV, admitindo que as diversas rotas criadas nas regiões com mais tradição vitivinícola "não funcionam em rede", que em muitos casos "não há informação" e que "muitas estão inactivas".
Também por isso, a Associação de Municípios Produtores de Vinho defende que a sinalética destas rotas deve ser alterada e reforçada e que para esse efeito diz ter um projecto que pretende apresentar ao Turismo de Portugal.
José Arruda sublinha que as rotas turísticas ligadas ao vinho estão muito bem desenvolvidas em países como a França e a Itália e especialmente também em Espanha, onde a associação de municípios vitivínicolas teve uma intervenção muito importante neste domínio.
"Em Portugal, se pegarmos em informação sobre as rotas e dermos uma volta ao país, temos uma desagradável surpresa, o que é extremamente negativo. Em muitas regiões de França ou de Itália as rotas funcionam bem, são uma importante forma de venda e de produzir receitas e os produtores vendem o vinho directamente nas suas quintas. É uma área que devemos explorar."
Socorrendo-se de estudos da Rede Europeia de Cidades do Vinho, o mesmo responsável da AMPV salienta que só nesta área ligada à produção vinícola circulam na Europa mais de 20 milhões de turistas por ano.
"Espanha é cada vez um melhor exemplo e as rotas do vinho são hoje um produto turístico nacional. Nós estamos a preparar uma proposta de parceria com o Turismo de Portugal, porque as rotas também não devem ser vistas de forma isolada e as pessoas querem visitar outros aspectos do património", sustentou José Arruda, considerando que as rotas também têm que evoluir nos domínios da certificação e da promoção. "Infelizmente não estão a funcionar e é uma falha grave", acrescentou, revelando que a Associação dos Municípios Produtores também está a preparar candidaturas ao programa comunitário de cooperação transnacional (Interreg), para obter apoios para acções de dinamização do sector.
Foram estas e outras preocupações que a AMPV diz ter colocado ao Jaime Silva, e revelou que o governante se mostrou disponível para apoiar projectos de promoção dos vinhos portugueses no mercado interno.