A guerra entre a cortiça e os vedantes de plástico
Vinhos franceses começam a abandonar cortiça
A cortiça ainda é líder nos vinhos velhos, mas a tradição está a perder terreno
Diário Económico | 22-08-2006
Os principais vinhos dos maiores produtores mundiais optam pelas rolhas de cortiça em detrimento das de plástico ou da mais recente moda: o alumínio. Segundo os especialistas, quando de primeira qualidade, este material é um excelente isolante e liberta uma enzima positiva natural que preserva o vinho em excelentes condições, tanto no aroma como na qualidade.
Ainda que não apresente garantias absolutas quanto à preservação do vinho - cerca de 6% da produção mundial de vinho, vedada com rolha natural, é perdida anualmente pela contaminação do produto com substâncias encontradas nas rolhas tradicionais - quando comparado com outros isolantes, a cortiça continua a ser a preferida para os vinhos de longa conservação. Para os vinhos de consumo rápido, isto é, a consumir no prazo máximo de dois anos após o engarrafamento, o material com que é feita a rolha tem muito pouca influência na qualidade do vinho. Para o enólogo francês Pascal Chatonnet, director do laboratório francês Excell, a rolha de cortiça favorece mais os vinhos brancos dado que lhes confere uma “evolução mais coerente no plano organoléptico”, qualidades ou propriedades que se percebem com os sentidos, durante a degustação, como a cor, o aroma e o sabor.
França lidera produçãoSegundo dados da Organização Internacional do Vinho e da Vinha (OIV), em 2003 a produção de vinho ascendeu aos 267 milhões de hectolitros. Um valor onde sobressaem França, Itália e Espanha, líderes inquestionáveis da produção mundial. Nesse mesmo ano, Portugal aparece na décima posição - atrás dos Estados Unidos, Argentina, China, Austrália, África do Sul e Alemanha - com uma produção de 7.340 hectolitros.
A França, conhecida pelos seus variados vinhos maduros e espumantes, vê no Champagne a coqueluche gaulesa da indústria vinícola. Neste campo a cortiça continua a ser a grande preferência, no entanto as rolhas sintéticas, segundo dado do instituto da vinha francês, têm vindo a conquistar terreno, tendo agora uma quota de mercado entre os 6 e os 7%.
Numa óptica puramente financeira os produtores internacionais optam pelos vedantes artificiais, começando a deixar de lado a cortiça.