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Fóssil com 470 milhões de anos presta homenagem ao vinho do Porto

Diário de Notícias | 10-09-2006
Fóssil com 470 milhões de anos presta homenagem ao vinho do Porto
O vinho do Porto deu nome a um fóssil com 470 milhões de anos, devido à semelhança morfológica com um cálice de vinho. A equipa científica que o identificou decidiu designá-lo por Delgadocrinus oportovinum.

Trata-se de um invertebrado marinho, correspondente a uma nova família, novo género e nova espécie de crinóide identificado por três palenteólogos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), do Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha e da Ohio State University, dos Estados Unidos. A sua apresentação foi feita, ontem, no Solar do Vinho do Porto e inseriu-se no programa oficial das comemorações dos 250 anos da Região Demarcada do Douro.

O novo fóssil pertence a um grupo de equinodermes primitivos com escassos representantes actuais, vulgarmente denominados lírios do mar, e considerados como "fósseis vivos" por muitos zoólogos.

Segundo os cientistas que o identificaram, Artur Abreu Sá, Juan Carlos Gutiérrez-Marco e William Ausich, o crinóide agora apresentado "viveu durante o período Ordovícico num mar pouco profundo", cujos "antigos sedimentos deram origem às rochas que actual- mente formam as montanhas da região de Valongo", a leste do Porto.

Os exemplares objecto de estudo foram recolhidos há cerca de um século pelo geólogo português Joaquim Nery Delgado numa pedreira, entretanto desaparecida, nas proximidades de Valongo. Os fósseis originais foram entretanto redescobertos na sua colecção, depositada no Museu Geológico de Lisboa, "razão pela qual o nome genérico Delgadocrinus presta homenagem a tão insigne cientista", disse ontem no Porto, Artur Abreu Sá, presente, juntamente com os outros dois paleontólogos, na sua apresentação.

Por outro lado, a morfologia da nova espécie, segundo Artur Abreu Sá, "faz lembrar um sofisticado cálice de vinho do Porto", uma vez que "é constituída por um cálice densamente ramificado localizado no extremo de um longo pedúnculo".

Do ponto de vista científico, os três cientistas consideram que o Delgadocrinus oportovinum tem o interesse de reunir características mistas de duas grandes subclasses de crinóides paleozóicos, tipificando uma nova família - Delgadocrinidae - atribuída provisoriamente às formas cameradas. O Delgadocrinus é o equinoderme crinóide mais antigo da Península Ibérica.

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