Notícia

Cortiça começa nova campanha

Expresso | 19-08-2006
Exportações caíram pelo terceiro ano consecutivo. Na indústria, a palavra de ordem é recuperar o prestígio da rolha natural
EM DEFESA da cortiça, que em 2005 viu as exportações caírem 5% e descerem até €840 milhões, o valor mais baixo dos últimos seis anos, a indústria portuguesa está a reforçar os investimentos na promoção internacional dos produtos da fileira.
 
Depois do Reino Unido, um mercado prioritário onde o sector conta, desde o início do ano, com o rosto de José Mourinho em acções de publicidade à rolha de cortiça numa campanha orçada em 900 mil euros, o «marketing» português definiu, também, a Austrália e os Estados Unidos como alvos, num esforço financeiro superior a €3 milhões.
 
A tendência de quebra no único sector industrial em que Portugal é líder mundial justifica o esforço da APCOR-Associação Portuguesa da Cortiça. Só em três anos as vendas caíram €73 milhões: €7 milhões em 2003, €22 milhões em 2004 e €44 milhões em 2005. A desvalorização do dólar explica parte do problema, mas a concorrência crescente dos vedantes sintéticos e das cápsulas de alumínio e a procura de rolhas de cortiça cada vez mais baratas também pesam na quebra das exportações.
 
Mais do que reagir à quota de 20% já conquistada pelos vedantes alternativos no vinho, a APCOR quer evidenciar os resultados dos €200 milhões investidos pelo sector em inovação, desenvolvimento e qualidade nos últimos anos e alargar a quota dos produtos alternativos, como os materiais de construção, que valem 15% das exportações.
 
No caso da Corticeira Amorim, líder mundial nesta indústria, as vendas e os resultados líquidos do primeiro semestre cresceram 6 e 20%, respectivamente, beneficiando de aumentos em volume e valor no segmento das rolhas e nos revestimentos de solo de cortiça. São indicadores positivos que trazem novo alento ao esforço do sector para vedar as perdas face à concorrência dos sintéticos.
 
Assim, a par dos argumentos ambientais e técnico-científicos usados em defesa das rolhas de cortiça, dirigidos exclusivamente ao sector vinícola, a campanha nos Estados Unidos vai direccionar-se, também, para arquitectos e decoradores de interiores. O objectivo é realçar as virtudes de um produto 100% natural, biodegradável e reciclável num país que já é um dos maiores clientes dos materiais de construção em cortiça.
 
Decidida a investir na formação de futuros decisores, a campanha apoia, ainda, o «Cork Education Programme», um módulo sobre cortiça introduzido nos programas curriculares de alguns institutos americanos. Na Austrália, líder na substituição da rolha de cortiça por vedantes naturais, a nova campanha aposta na ecologia, sob o lema «Say yes to cork».
 
Os industriais do sector consideram o êxito destas acções e o reforço do prestígio da cortiça nos mercados visados factores essenciais para preservar os 720 mil hectares de sobreiros da floresta nacional e o futuro da fileira, com uma quota de 60% na produção mundial, 800 empresas e 12 mil postos de trabalho.

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