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Confraria do vinho Verdelho defende extinção da Comissão Regional

Açoriano Oriental | 13-02-2006
O recém-eleito grão-mestre da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, na ilha Terceira, defendeu hoje a extinção da Comissão Vitivinícola Regional dos Açores, alegando que esta entidade "não defende a paisagem da cultura da vinha".
O recém-eleito grão-mestre da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, na ilha Terceira, defendeu hoje a extinção da Comissão Vitivinícola Regional dos Açores, alegando que esta entidade "não defende a paisagem da cultura da vinha". 
Jácome de Bruges adiantou à agência Lusa que o presidente da CVR-Açores, Manuel Serpa, "deu uma infeliz entrevista a uma revista da especialidade, que ajuda a reforçar a ideia de que, para ele, apenas existe o vinho do Pico". 
Esta alegada intervenção deixa entender uma posição "de condenação da paisagem característica da cultura da vinha dos Biscoitos", sublinhou o grão-mestre da Confraria dos Biscoitos. 
Contactado pela Lusa, o presidente da CVR-Açores disse "não serem verdadeiras essas afirmações" e, por isso, "não as comenta", referindo apenas que "a ilha Terceira tem três vinhos certificados". 
Manuel Serpa acrescentou que a CVR tem nos seus órgãos directivos a Adega Cooperativa dos Biscoitos e por um produtor privado, ambos em representação daquela zona vitivinícola da ilha Terceira.
Nos Açores, estão certificados doze vinhos, oito da ilha do Pico, três da ilha Terceira e um da Ilha Graciosa, dos quais oito brancos, dois licorosos e dois tintos. 
Jácome de Bruges argumentou que a certificação dos vinhos deve ser assegurada pelas confrarias existentes nas três zonas vitivinícolas reconhecidas, Biscoitos, Pico e Graciosa. 
No país, acrescentou, está prevista a extinção das comissões vitivinícolas e a passagem da responsabilidade da certificação dos vinhos para os produtores privados. 
Segundo disse, "os custos da entidade certificadora seriam muito menores e evitar-se-iam conflitos entre as ilhas produtoras, garantindo-se a qualidade de certificação que actualmente pode ser posta em causa". 
As dúvidas, refere Jácome de Bruges, levantam-se no campo da ética, uma vez que, "em alguns casos, são os próprios enólogos das adegas com vinhos candidatos à certificação que fazem parte da Câmara de Provadores". 
A produção de vinho nos Açores deverá ser, na campanha de 2005, de menos 50 por cento do que os 1,2 milhões de litros produzidos na anterior, indicam as estimativas oficiais. 
Miguel Amorim, director dos serviços de Desenvolvimento Rural da região, revelou que as quebras deverão ser da ordem dos 40 por cento nas ilhas do Pico e São Miguel, 50 por cento na ilha Terceira e de 60 ou mais por cento na ilha Graciosa. 
A baixa da produção na actual campanha deve-se "às más condições climatéricas", adiantou o responsável. 
No último ano, os Açores produziram 700 mil litros de vinho de castas europeias, Arinto, Terrantês e predominantemente Verdelho, e 500 mil litros de vinho americano da casta Isabella, conhecido na região por "vinho de cheiro". 
Os novos responsáveis da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos na ilha Terceira pretendem relançar o papel da instituição, através da organização de um encontro das confrarias báquicas e gastronómicas do arquipélago. 
Pretende igualmente fomentar um programa, envolvendo médicos, enólogos, estabelecimentos de ensino e agentes económicos, no sentido de "ensinar os jovens a beber moderadamente e a escolher um bom vinho que possa ser um aliado da alimentação". 

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