Douro aposta na biodiversidade funcional para reduzir pesticidas nas vinhas
A ADVID é uma associação privada, sem fins lucrativos, criada pelas principais empresas de vinho do Porto com o objetivo de contribuir para a modernização da viticultura do Douro e melhoria da qualidade dos vinhos
A Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), sediada na Régua, está a promover a biodiversidade funcional nas vinhas do Douro, com vista à limitação natural de pragas e à redução do uso de pesticidas.
Para atingir este propósito, a ADVID apostou na concretização de três projetos: o Ecovitis, o Biodivine e o Floresta Comum.
Os objetivos são, segundo afirmou hoje à agência Lusa a diretora técnica da ADVID, Cristina Carlos, “fomentar a biodiversidade funcional em viticultura” e “obter um vinho mais sustentável de todos os pontos de vista, desde o ambiental ao económico”.
A ideia é conjugar a atividade produtiva do Douro, a viticultura, com a preservação do património natural.
Com o Ecovitis - Maximização dos Serviços do Ecossistema Vinha, projeto lançado em 2011 e que termina em dezembro de 2014, foi possível “tirar uma fotografia” de tudo que existe na vinha, todos os organismos que vivem neste ecossistema para além das videiras.
Cristina Carlos referiu ainda que se está a implementar uma rede de infraestruturas ecológicas, como sebes, bosquetes e charcos que funcionam como habitats e abrigos para os inimigos naturais das pragas que afetam as videiras e as uvas.
Ao se criarem as condições para estes inimigos das pragas da vinha se desenvolverem está-se, de acordo com a responsável, a reduzir também a utilização de pesticidas, bem como os custos de produção, e ainda a travar a erosão dos solos.
Está também a ser implementada uma “técnica inovadora” de controlo da traça-da-uva, a confusão sexual, que é considerada “completamente amiga do ambiente” e “que não deixa resíduos nas uvas”.
Este modelo de combate à pior praga que afeta as vinhas do Douro implica a colocação de difusores (pequenos filamentos) nas cepas que lançam a “confusão sexual” e iludem o macho, pois estão impregnados com feromona (hormona sexual das fêmeas da traça da uva) e vão criar uma nuvem de hormona artificial que atrai e baralha os machos, impedindo o acasalamento.
Este projeto tem como entidade promotora a Real Companhia Velha e envolve ainda a Sogevinus e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
O Biodivine é um projeto internacional, que está a ser implementado em França e Espanha e Portugal, e, no fundo, complementa o Ecovitis, já que visa a promoção de ações de conservação como o enrelvamento da entrelinha ou a plantação de sebes em zonas não produtivas, e ainda contribuir para o conhecimento das relações existentes entre elementos da paisagem (vinha, olivais, matos) e determinados grupos biológicos (aves, mamíferos).