Castas portuguesas são desvalorizadas mas fazem vinhos "maravilhosos"
As castas características portuguesas são desvalorizadas mas produzem vinhos "maravilhosos" que dão prazer beber, afirmou hoje a crítica de vinhos britânica Julia Harding.
Esta jornalista foi convidada no ano passado pela ViniPortugal a eleger os 50 melhores vinhos portugueses, tendo visitado o país seis vezes entre outubro de 2011 e abril de 2012 e provado cerca de 1.200 vinhos de todas as regiões.
"Eu queria centrar-me nas grandes castas portuguesas porque penso que estão desvalorizadas e porque há demasiados vinhos feitos com as mesmas castas em todo o mundo", afirmou à agência Lusa, durante uma prova dos escolhidos em Londres.
Para esta especialista, "há algumas castas que só Portugal consegue fazer de forma brilhante e elas condizem com o campo, com a paisagem, com o clima e fazem vinhos maravilhosos".
Na lista estão representantes das várias regiões, desde o Douro, Dão, Bairrada, Alentejo, Beira Interior ou Trás-os-Montes, que usam castas como o Alvarinho, Baga, Trincadeira ou Touriga Nacional, sendo 27 tintos, um espumante, 18 brancos ou verdes e quatro fortificados.
"Quando provo um vinho, procuro sempre aqueles que me dão prazer beber, e não apenas vinhos que impressionam em dois golinhos e que depois se quer seguir para outro", explicou Harding, a propósito dos critérios usados.
A jornalista saudou a variedade que encontrou no país e também o que considera de vinhos com caráter e "personalidade bonita".
"O pior que um vinho pode ser é aborrecido", garantiu.
Esta é a oitava edição desta iniciativa da ViniPortugal e da Associação de Importadores de Vinho Português britânica, que no passado escolheram Richard Mayson, Charles Metcalfe, Tim Atkin, Simon Woods, Jamie Goode, Sarah Ahmed e Tom Canavan.
Além de ser um "grande cartão de visita" para os seus vinhos, que estiveram presentes em todas as listas, o produtor Luis Pato, refere o papel pedagógico desta ideia.
Julia Harding, número dois da influente crítica de vinho Jancis Robinson, "ficou com uma perspetiva da diferença, da diversidade das castas portuguesas que não tinha antes" que será passada aos seus leitores.
"Este é um trabalho de futuro, a dez, vinte anos, mas que terá os seus resultados porque irá distinguir os vinhos portugueses da grande globalização de vinhos do novo, mesmo do velho mundo, que não são feitos com castas que não são portuguesas", argumentou o produtor.
O Reino Unido é o segundo maior destino das exportações de vinhos portugueses em termos de valor, tendo nos últimos três anos duplicado de 19,6 milhões de euros, em 2009, para 36,4 milhões de euros em 2011.
Depois da apresentação em Londres, o top 50 dos vinhos portugueses será apresentando em Edimburgo a 20 de junho e em Manchester no dia seguinte.