Agricultores divididos sobre consequências da chuva na produção de vinho
A Associação de Agricultores do Distrito de Setúbal admitiu ontem uma quebra de "50 por cento" na produção de uvas na região devido à chuva, mas os viticultores dizem que o problema está na ausência de tratamentos preventivos.
"Sabemos que a falta de limpeza da uva pode afectar a produção. A colheita deste ano pode não atingir os 50 por cento; quando muito será de 75 por cento", disse à Lusa José Silvério.
"A falta de limpeza da uva pode ser decisiva para a colheita deste ano", acrescentou o representante dos agricultores de Setúbal, adiantando que a "colheita deste ano depende da chuva durante a época de floração".
Apesar da preocupação manifestada pelo presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Setúbal, José Silvério, com o que diz ser uma "previsível quebra de produção", os viticultores garantem que "não há problemas de maior nas vinhas onde foram devidamente efectuados os tratamentos preventivos".
Segundo a Presidente da Associação de Viticultores de Palmela, Lurdes Atalaia, "não há problemas graves nas propriedades dos viticultores que integram aquela associação".
"Neste momento não temos problemas porque todos os nossos associados fizeram tratamentos preventivos e curativos. Para já os problemas que temos são insignificantes", afirmou a representante dos viticultores da região de Setúbal.
Uma ideia corroborada por Maria do Amparo Godinho, técnica da associação de Viticultores, que reconhece a possibilidade de haver consequências graves se continuar a chover muito, mas que garantiu também não haver, pelo menos por enquanto, motivos para preocupação.
"Temos alguns problemas pontuais de míldio, mas apenas em propriedades onde não foram efectuados tratamentos preventivos em tempo oportuno", justificou.
"Não detectamos ainda prejuízos muito grandes (...), mas é uma hipótese que pode ocorrer. O problema está na possibilidade de não haver polinização durante a floração e não haver formação do bago de uva", explicou Maria do Amparo Godinho.
A região de Setúbal, pioneira na produção de vinhos de qualidade, tem três denominações certificadas, DOC Setúbal, VQPRD Palmela e Regional Terras do Sado.
A casta Castelão Francês (Periquita) constitui mais de 95 por cento das cepas tintas da região de Palmela e cerca de 75 por cento da zona da Arrábida.
Para ir ao encontro das preferências do consumidor, a partir da década de 70 alguns produtores incrementaram a produção do Cabernet Sauvignon, o Merlot e o Chardonnay.
O controlo de qualidade dos vinhos das várias denominações é assegurado pela Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, constituída pelos produtores de vinhos de qualidade produzidos no distrito de Setúbal.