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Vinho para Angola, depressa e em força

Maria João Babo | Jornal de Negócios | 04-09-2009 | Geral, Economia, Artigos
As exportações de vinho português para Angola aumentaram mais de 600% em nove anos. Um mercado que parece imune à crise, o que não deixou indiferente os tradicionais clientes nacionais como Inglaterra, Estados Unidos e França. Os vinhos de mesa e regionais têm vindo também a ganhar terreno ao Porto.
Poucos imaginariam, no virar do milénio, que Angola que iria tornar o principal destino dos vinhos portugueses. O que antes era um mercado com pouca relevância para as exportações nacionais, vale hoje quase tanto como o Reino Unido, França e Estados Unidos juntos, excluindo as vendas de Porto e Madeira.

As exportações de vinho para Angola cresceram, em nove anos, mais de 600%, valendo hoje 53,3 milhões de euros. Ou seja, um quinto das vendas totais ao exterior. O peso deste mercado tendo sido crescente, em volume e em valor, ganhando também importância para os produtores nacionais por estar a passar ao lado da crise que afecta os tradicionais clientes dos "néctares" nacionais. É um novo "mercado da saudade" para o vinho, acompanhando os fluxos de portugueses que cada vez mais se estão a instalar naquele pais em desenvolvimento.

Ano de crise para os principais mercados dos vinhos nacionais, 2008 conseguiu ainda assim apresentar um crescimento ligeiro - de 1,3% - para as exportações nacionais, sem contabilizar os vinhos licorosos como o Porto e Madeira, que no ano passado registaram uma quebra de 8,4% nas vendas - apesar de continuarem a representar 56,5% das exportações nacionais. Angola foi sido essencial para que as vendas ao exterior se mantivessem em terreno positivo, já que sozinho este mercado cresceu 16,6% face ao ano anterior. De entre os maiores clientes tradicionais, apenas a Alemanha apresentou um comportamento positivo, em volume de em valor. Já o Reino Unido, apesar de ter comprado mais vinho, despendeu menos do que no ano anterior. Franca e Estados Unidos, por seu lado, registaram quedas nos dois indicadores.

O panorama geral em 2008 foi mesmo de diminuição do volume de vinho de mesa regional - que depois dos licorosos é o mais procurado no exterior - em quase todos os mercados da União Europeia, destacando-se as quedas de 64,9% da Itália e de 32% da França.

Para países terceiros - que representam 57% das vendas em valore 52,3% em volume das exportações totais, excluindo os licorosos - Portugal conseguiu vender mais vinhos de regiões demarcadas (os VQPRD) não só para Angola, mas também para a Suíça (mais 13,8%) e para o Canadá (mais 3,7%). A quebra mais acentuada foi registada nos vinhos de menor valor acrescentado, destinados essencialmente aos mercados da Federação Russa e Cabo Verde, que compraram menos 50,9% e 28,9%, respectivamente, de vinho de mesa e regional.

A Federação Russa foi mesmo, entre os mercados não comunitários, o que registou o maior recuo para as exportações nacionais em 2008, quer em volume (menos 103%) quer em valor (menos 60%). Ainda assim, continua a ser o segundo maior mercado, depois de Angola, a comprar em quantidade, o que já não acontece em qualidade. Em valor, por seu lado, são os Estados Unidos, depois de Angola, o maior cliente dos vinhos nacionais, excluindo Porto e Madeira, seguindo-se Canadá, Brasil, Suiça e Noruega.

O Canadá é outro mercado que tem contribuído para o aumento das vendas do vinho português no exterior, tendo as exportações para este país crescido entre 2000 e 2008 mais em valor (quase 105%) do que em volume (mais de 88%).

Já Espanha vem perdendo importância, tendo o país vizinho comprado no ano passado menos 5,7% de produtos vínicos a Portugal do que em 2000.

Nestes nove anos as exportações de vinho português aumentaram 12,7% em valor e 49,1% em volume, principalmente graças aos vinhos de mesa e regionais, que vêm aumentando o seu peso nas vendas ao exterior, como acontece também com os produtos das regiões demarcadas, que estão a ganhar terreno ao vinho do Porto.

Portugal esta a vender mais vinho ao exterior, mas mais barato, já que as exportações cresceram 49% em volume mas apenas 12,7% em valor.

Em nove anos, o valor das exportações nacionais de vinho aumentou globalmente 12.7%. Para o crescimento registado entre 2000 e 2008 contribuíram as vendas ao exterior de vinho de mesa e regional (mais 71%) e os espumantes e espumosos (mais 151%). Pelo contrário, o País vendeu menos licorosos, com o Porto a cair mais de 10%.

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