Em declarações à Agência Lusa, José Gonçalves Sapinho explicou que o museu foi encerrado depois dos funcionários terem passado para o quadro de mobilidade da função pública e, desde então, permanece fechado ao público.
"Já tivemos uma reunião com o responsável do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) mas, como há uma mudança de direcção, as coisas pararam e o edifício continua fechado", disse o autarca.
A tutela já manifestou intenções de ceder a gestão do espaço à autarquia, mas a Câmara pretende saber como é que será feito o acordo.
"Não é possível tratar de nada sem saber o que é que o Ministério da Agricultura quer do ponto de vista patrimonial: se vai haver uma doação, um regime de comodato ou um protocolo de cedência em determinadas condições", explicou José Gonçalves Sapinho.
"E temos também de saber se existirão compensações financeiras", acrescentou o autarca, que reafirma a abertura da Câmara para gerir o espaço, o que poderá passar pela criação de uma fundação, com a Associação de Agricultores de Alcobaça, a Adega Cooperativa e a Escola Profissional local.
O Museu Nacional do Vinho está instalado numa antiga adega fundada em 1875 por José Eduardo Raposo de Magalhães e funciona como espaço de exposições desde 1986, possuindo peças etnográficas únicas, num espólio que conta com doações e aquisições em antiquários.
O museu conta com um acervo de cerca de dez mil peças distribuídas pela adega, enquanto em espaços adjacentes existe uma abegoaria (armazém de alfaias agrícolas), uma oficina de tanoaria e uma taberna.
Em Abril de 2007, confrontado pelo estado de algum abandono do espólio, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, considerou que a tutela "não tem vocação para valorizar e tratar" um equipamento deste tipo, que "conta a história do vinho português".
"O Estado tem a obrigação de não fechar este museu", mas o "Ministério da Agricultura não é especialista para aspectos culturais", afirmou na ocasião Jaime Silva, recordando que os museus da sua tutela "têm problemas de sustentabilidade" por isso mesmo.
A Agência Lusa tentou obter um comentário sobre este encerramento junto do IVV, mas não se encontrava nenhum responsável disponível.
Este impasse já motivou uma tomada de posição do deputado Feliciano Barreira Duarte, eleito pelo PSD, considerando que "tem sido perceptível a vontade do Governo em deixar de ter qualquer responsabilidade ou encargo com a manutenção" do equipamento.
Para o deputado, em requerimento parlamentar divulgado na semana passada, parece que o "Governo não tem um interesse sério e verdadeiro em apoiar a referida estrutura enquanto factor de defesa do património cultural e do desenvolvimento económico e turístico da região".