"Com maior dimensão as entidades certificadoras têm maior capacidade na racionalização de meios de certificação e nos ganhos que traz à promoção dos produtos que certificamos", declarou à agência Lusa Carlos João Fonseca, membro da comissão executiva da nova entidade.
Para o dirigente e produtor, a reestruturação do sector "poderá beneficiar mais os produtores que estavam associados às pequenas CVR que, por questões de escala, se deparavam com dificuldades de promoção.
No entanto, alertou, "o aumento de custos poderão tornar mais morosa e mais cara a certificação, o que é uma desvantagem competitiva" face a outros países europeus.
A nova entidade certificadora da Região de Lisboa congrega as extintas CVR's da Estremadura, Bucelas/Carcavelos/Colares e da aguardente da Lourinhã e vai ficar sedeada em Torres Vedras, estando a ser equacionada a hipótese de manter uma delegação em Leiria.
Esta última aprovou na quarta-feira a proposta de integração na nova CVR, após mais de três meses de negociações com o Ministério da Agricultura, reivindicando um estatuto especial para a única aguardente de denominação de origem do país e a terceira da Europa.
"Chegámos à conclusão de que não vamos apresentar uma candidatura autónoma porque não tem viabilidade do ponto de vista jurídico e financeiro", explicou agora à agência Lusa o actual presidente, Fernando Oliveira, reagindo à recusa por parte da tutela em aceitar a candidatura desta CVR a entidade certificadora por motivos de escala.
A integração na nova CVR da Região de Lisboa é encarada como uma "nova janela de oportunidades" na própria promoção da aguardente, cuja produção se restringe a 25 operadores e a uma área de 50 hectares, sendo comercializadas por ano 10 mil garrafas.
"O que nos preocupava e que vai manter-se é a denominação de origem", tranquilizou o dirigente, explicando que está assegurada a continuidade da região demarcada, bem como a criação de uma "secção específica na nova estrutura de controlo e certificação" para o caso das aguardentes.
A CVR da Região de Lisboa abrange a segunda maior área de vinhas do país (30 mil hectares), onde anualmente são produzidos 15 mil litros de vinho (18 mil garrafas), capazes de gerar uma receita de 40 milhões de euros, dos quais 40 por cento são destinados à exportação.
Esta nova entidade vai ficar responsável por todos os vinhos regionais da Estremadura, de Denominação de Origem Controlada (Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Óbidos, Encostas d'Aire, Bucelas e Colares) e pelo Vinho Licoroso de Qualidade Produzida na Região Determinada de Carcavelos.
A constituição de novas entidades certificadoras decorre da publicação de legislação comunitária mais rigorosa no que respeita à certificação de vinhos e da consequente reforma para o sector que está em curso.
Há cerca de um ano, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, avançou com a proposta de reforma para o sector e pediu às entidades que se agregassem e se candidatassem a certificadoras, recordando que trabalhar em conjunto permite aumentar o peso, dimensão e prestígio em termos de mercado.