Douro começa a tirar partido da classificação pela UNESCO
Região esteve para sair da lista do Património Mundial face à demora na aplicação de medidas de prevenção e requalificação.
Decorridos seis anos após a classificação pela UNESCO do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial, são já visíveis e sentidas pequenas mudanças, tanto por parte dos agricultores como por todos aqueles que visitam a região, um dos cinco pólos turísticos a que o Governo pretende dar prioridade até 2015.
A sinalética é uma delas. As várias entradas na área classificada têm finalmente sinalização rodoviária indicando aos viajantes a região Património Mundial. Também as lixeiras que conspurcavam a vista e a paisagem por todo o lado são hoje muito menos visíveis depois da operação Douro Limpo, de remoção de todo o tipo de entulhos e resíduos que se amontoavam nas bermas das estradas.
A construção arbitrária também foi travada. Para se construir dentro do perímetro abrangido pela classificação da UNESCO, é exigido o cumprimento de determinadas regras a nível de ordenamento do território, respeito pelo enquadramento arquitectónico e paisagístico, bem como o uso obrigatório de materiais específicos, como por exemplo o xisto.
Também nas novas plantações de vinha são exigidos certos requisitos de acordo com o plano intermunicipal, como sejam a proibição de plantar vinhas ao alto em certos planos e a obrigatoriedade de os patamares serem constituídos apenas por um bardo nas encostas de maior declive e a construção dos muros de sustentação das terras ser de base xistosa.
Mesmo em replantações, em reconstrução de pequenas edificações agrícolas ou reposição de muros, os agricultores necessitam da respectiva autorização para poderem executar esses trabalhos. Como dizia recentemente o responsável pelo projecto da Estrutura de Missão para a Região Demarcada do Douro, Ricardo Magalhães, "para se intervir neste património maravilhoso e único, é necessário fazê-lo com um bisturi numa mão e uma lupa na outra". Esta analogia espelha bem a sensibilidade que qualquer intervenção, em termos de património agrícola, arquitectónico e paisagístico exige por parte dos técnicos em toda a área do vale do Douro.
Mas nem tudo está bem. Muitas das intervenções previstas, como a requalificação de aldeias e a demolição de alguns edifícios privados e públicos que atentam contra o bom gosto, de que o melhor exemplo é a Escola Básica do Pinhão, continuam por fazer. E as populações locais ainda se sentem pouco envolvidas, até porque as promessas de novos incentivos e investimentos têm surgido a conta-gotas.