Ainda há muito para fazer a nível de enoturismo em Portugal. Quem o diz é Paulo Amorim que, na qualidade de vice-presidente da ViniPortugal, considera que esta promissora vertente do turismo nacional "está ainda numa fase muito infante." E justifica: " O enoturismo podia ser um motor fantástico para o desenvolvimento do sector, já que é um foco de atracção de um tipo de turistas mais sofisticado". No entanto, apesar de já existir bastante oferta, o mercado ainda está aquém das expectativas. Segundo Dora Simões, directora-geral da associação, o potencial é enorme. "Com a estrutura do nosso tecido empresarial, existem inúmeras pequenas e médias empresas que não têm potencial de exportação para os seus vinhos. Neste aspecto, o enoturismo pode ser uma solução para divulgarem os seus produtos no mercado externo. Para as marcas com representatividade nos mercados internacionais, pode ser mais um pólo de fidelização", explica.
No entanto, se em países como os Estados Unidos já há circuitos de enoturismo muito bem definidos, em Portugal "as rotas dos vinhos não se têm revelado muito criativas e, por outro lado, o consumidor português ainda não ganhou o hábito de visitar adegas ao fim-de-semana", frisa a directora-geral da ViniPortugal. "Falta investir em formação, faltam mais adegas com as portas abertas ao público em determinadas rotas", acrescenta.
Segundo dados da ViniPortugal, as estimativas anuais de crescimento do enoturismo em Portugal são de 7% a 12%, prevendo-se que o mercado ultrapasse os 1,2 milhões de visitantes em ro anos. Todos eles bons gastadores: os mesmos dados apontam para gastos médios por pessoa entre os 150 e os 450 euros. Na qualidade de associação que tem por missão a promoção dos vinhos, aguardentes e vinagres portugueses nos mercados interno e externo, a ViniPortugal e o ICEP (agora AICEP) têm investido na realização de iniciativas que visam incentivar o enoturismo como uma actividade que abre caminhos mais rentáveis a um sector tradicional.
Os prémios Best of Wine Tourism
Há muitos projectos louváveis na área do enoturismo em Portugal. Provam-no os prémios Best of Wine Tourism, anualmente atribuídos às regiões vinícolas representadas pela Great Wine Capitals, que reúne oito regiões de produtores de vinho a nível mundial, entre as quais a do Porto, e que tem como objectivo incentivar o desenvolvimento económico, académico e cultural de cada um dos membros. Desde o início da atribuição destes prémios, em 2004, já foram premiados a Ramos Pinto Vinhos ou a Porto Calem (na categoria de arquitectura), a Quinta do Panascal da Fonseca Porto e, este ano, as Caves de Vinho do Porto Ferreira, da Sogrape, ambas galardoadas como projectos significativos na área do enoturismo.