Este será um dos assuntos que será debatido no encontro que vai juntar hoje, em Murça, representantes das 21 adegas cooperativas da Região Demarcada do Douro e o ministro da Agricultura, Jaime Silva.
José Manuel Santos, presidente da Unidouro, disse à Agência Lusa que o Douro procura soluções que possam "minimizar" os prejuízos que poderão ser provados pelo fim dos apoios à destilação, nomeadamente ao chamado álcool de boca, que se mistura com vinho do Porto, da Madeira e vinhos moscatel.
A Comissão Europeia apresenta hoje um projecto de reforma do sector do vinho, que propõe o fim das ajudas à destilação, o que poderá afectar os produtores de vinho do Porto e Madeira, entre outros.
O debate sobre a reforma da OCM do vinho marcará a presidência portuguesa na área da Agricultura, uma vez que Bruxelas quer vê-la em vigor a partir de 01 de Agosto de 2008, mas a decisão final caberá aos ministros dos 27.
José Manuel Santos defende a "possibilidade" de que o vinho do Porto seja feito recorrendo à destilação de vinho da própria Região Demarcada do Douro ou de regiões limítrofes.
"O vinho do Porto sempre foi consumidor de excedentes e, agora, porque não permitir que sejam utilizados os excedentes da própria região para fazer a aguardente necessária para a sua produção?", interrogou.
O responsável acrescentou que esta seria também uma forma de "garantir a genuinidade do vinho do Porto", a qual, segundo disse, está a ser "posta em causa" por países concorrentes de Portugal, que alegam precisamente que "20 por cento deste produto é feito recorrendo a aguardente importada".
José Manuel Santos sustentou que "a maior parte" da aguardente utilizada no vinho do Porto é "importada".
"Fechando a região à importação de aguardente estaríamos a proteger a genuinidade do nosso produtor e a garantir um aumento do preço por pipa do vinho de mesa, o que beneficiaria os nossos pequenos e médios viticultores", afirmou.
Relativamente à reforma da OCM do Vinho, o responsável manifestou-se ainda preocupado com a abolição dos direitos de plantação - prevista para 2014 - e o arranque voluntário de vinha.
A Unidouro vai ainda expor ao ministro da Agricultura as suas preocupações quanto à crise que está a afectar a fileira do vinho em Portugal e que faz com que muitas adegas enfrentem problemas de dívidas e de escoamento de stocks.
Depois dos vários apelos lançados pelo Governo para a concentração das adegas, está já em estudo a criação de dois agrupamentos na região duriense.
Segundo José Manuel Santos, um dos agrupamentos concentraria as cooperativas da Régua, Armamar, Vale do Douro (Tabuaço), Lamego, Penajóia e, provavelmente, Mesão Frio.
Um outro agrupamento reunirá as adegas de Alijó, Favaios, Pegarinhos e Sanfins do Douro e talvez ainda, segundo o responsável, Murça e Vila Flor.
"O nosso objectivo é que, numa primeira fase, as 21 adegas da região se concentrem em quatro agrupamentos", frisou o responsável.
Defendeu que só com a concentração é possível às adegas "ganhar dimensão e competitividade".