Francisco Olazabal, proprietário do Quinta do Vale Meão, e descendente da mítica Dona Antónia Adelaide Ferreira, a "Ferreirinha", explicou ao "Semanário Económico", que a "qualidade dos vinhos se deve, sobretudo às características peculiares do solo e do clima do Vale Meão". E, acrescenta, como um factor determinante para este reconhecimento "a chegada de uma nova geração de enólogos ao negócio dos vinhos, entre os quais o meu filho Francisco, que percebendo as potencialidades dos vinhos da região, as souberam adaptar às novas tecnologias, aprimorando a qualidade intrínseca dos nossos produtos".
Refere ainda o papel "que desempenharam entidades como os "Douro Boys", constituída por várias firmas do vinho do Douro, que se tornou "num veículo de promoção dos nossos vinhos junto da imprensa estrangeira e dos circuitos comerciais". Esta acção concertada "permitiu desenvolver uma imagem mais positiva e agressiva dos vinhos portugueses nos grandes mercados mundiais, algo que faltava ao sector".
Miguel Pots, responsável do grupo Symington, premiado também pela "Wine Spectator", salienta que o segredo do êxito do Touriga Franca residiu na "conjugação do melhor de dois mundos, a sofisticação dos vinhos do novo mundo e a personalidade própria dos vinhos desta região". Esta aliança entre tradição e modernidade "diferencia-nos dos vinhos australianos, por exemplo, que têm uma qualidade homogénea e se vendem, sobretudo, em grandes superfícies".
Maria Emília Campos, da Churchills Graham, enaltece as "qualidades únicas das castas que existem no Douro". Se repararmos nos vinhos produzidos a nível mundial, observa, constatamos "que derivam, invariavelmente, das mesmas castas, contrariamente aos vinhos da nossa região, que são diferentes porque são desenvolvidos com castas distintas".
Esta originalidade dos "nossos vinhos", assinala, é que levou a que os consumidores internacionais "a prestar mais atenção à região do Douro" e a "dedicarem artigos entusiastas em revistas tão influentes como a Wine Spectator, a Wine Enthusiast ou a Decanter", conclui.
Finalmente, Tomás Roquete, da Quinta do Crasto, destaca a "localização da Quinta e a grande qualidade da equipa de enólogos ao serviço da empresa", como os factores que explicam esta visibilidade crescente dos seus vinhos nos mercados internacionais. Salienta ainda o "enorme salto qualitativo que se deu nos últimos dez anos com a entrada de gente nova, mais qualificada, o desenvolvimento do marketing e do design associados ao vinho", faltando apenas, uma "melhoria das infra-estruturas turísticas e de comunicação para que o Douro se transforme numa das melhores regiões vitivinícolas do mundo".