"Os açorianos começam a dar mais valor aos vinhos regionais"
Ernesto Ferreira, presidente da Cooperativa Vitivinícola da ilha do Pico, considera que no arquipélago dos Açores já se começa a valorizar os vinhos regionais de qualidade.
"Julgo que os açorianos já começam a dar mais valor aos nossos produtos. Aliás, o maior mercado da Cooperativa é a ilha de São Miguel", frisou o presidente da Cooperativa Vitivinícola da ilha do Pico.
"Acho que se está a começar a ter esta atitude, especialmente em São Miguel. Vejo com grande alegria que a nível da restauração é vulgar encontrar vinhos da ilha do Pico e da cooperativa, mais do que noutras ilhas", acrescentou.
Ernesto Ferreira considera que beber um bom vinho com moderação é um acto cultural no arquipélago dos Açores. "Já vejo hoje mais gente a querer beber vinho de qualidade. Nota-se que há um crescente interesse por consumir produtos de qualidade. Por isso surgiu um decréscimo no consumo de vinho de cheiro, um dos vinhos que está na escala mais baixa, que é substituído por vinhos certificados e regionais de qualidade. As pessoas já são mais exigentes em relação àquilo que bebem", revelou.
Realçou ainda que "não só beber vinho é um acto cultural como a forma de cultivar o vinho nos Açores é um acto cultural dos mais nobres".
Contudo, Ernesto Ferreira confidenciou que um dos motivos que leva os açorianos a não beberem vinhos regionais são os preços praticados nos restaurantes.
"Os preços que a restauração aplica são bastante elevados em comparação com os preços que a cooperativa vende. As percentagens que os restaurantes aplicam não me ‘entram na cabeça’. Não se pode admitir que uma garrafa de vinho que saia da cooperativa a 3,50 euros seja depois vendida a 12 euros", afirmou.
Relativamente à colheita para este ano, Ernesto Ferreira informou que a vindima vai ser bastante proveitosa. "Por enquanto, não temos informação de que o ano não seja bom, antes pelo contrário, as perspectivas são as de termos boas colheitas".
A Cooperativa Vitivinícola da ilha do Pico foi fundada nos anos 50 do século passado por um grupo de vinicultores, detentores de pequenas produções no Concelho da Madalena.
"Juntaram-se para poderem, com maiores volumes, laborar as suas uvas e transformar um produto de qualidade, que já era produzido nas suas vinhas, num produto que pudesse ter melhor acesso ao mercado", explicou.
Quanto às perspectivas futuras, o presidente da cooperativa deu conta de que a empresa pretende criar melhores condições para que possam receber uma maior quantidade de uvas de boa qualidade, com o intuito de produzir cada vez mais e com melhor qualidade.
"Interessa é haver vinhos de boa qualidade, de onde quer que sejam, e os nossos para serem competitivos têm de ser de boa qualidade e de bom preço. Nós apostamos em produtos que sejam de tão boa qualidade que se consigam impor no mercado a um preço competitivo e é isso que estamos a conseguir com os vinhos da nossa cooperativa", concluiu.
Entretanto segunda-feira à noite, na sede social da Cooperativa Vitivinícola da ilha do Pico, foi lançado o vinho VLQPRD "Lajido", meio seco, colheita de 2001. Esta cerimónia contou com a presença do secretário regional da Agricultura e Florestas, Noé Rodrigues.*