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Coruche promove feira para relançar sector da cortiça

Lusa | 28-05-2009 | Geral, Outros
A I Feira Internacional da Cortiça, que se realiza no próximo fim-de-semana em Coruche, quer dar visibilidade à fileira, reafirmar a liderança internacional de Portugal no sector e afirmar Coruche como "capital mundial da cortiça".
Dionísio Mendes, presidente da Câmara Municipal de Coruche, diz que a feira vem confirmar o posicionamento do seu concelho neste sector, reforçado com a inauguração do Observatório do Sobreiro e da Cortiça (agendada também para sexta-feira), que "estará na linha da frente no que respeita à investigação".

"Num momento de crise, queremos ir em contra-ciclo e promover a reanimação do sector", afirma o autarca, que espera ouvir do ministro da Agricultura, Jaime Silva, que vai inaugurar a Ficor na sexta-feira de manhã, o anúncio de ajudas à produção, depois de o ministro da Economia ter anunciado recentemente um apoio de 180 milhões de euros à indústria corticeira.

Por outro lado, a feira coincide com a altura em que começam a fixar-se os preços da cortiça que vai começar a ser tirada, adianta. Dionísio Mendes realça a presença nestes dias em Coruche de especialistas mundiais, destacando o debate sobre o futuro do sector que vai realizar-se sexta-feira à tarde, num modelo semelhante ao programa televisivo "Prós e Contras", também moderado pela jornalista Fátima Campos Ferreira, e que contará com a presença de investigadores, produtores, industriais e gente que se tem dedicado à inovação.

Sábado, a conferência "Cork Matters - o potencial da cortiça" vai juntar a fileira da cortiça e o sector do vinho, aquele que continua a ser o principal consumidor desta matéria-prima, numa relação que se pretende "valorizar", afirma.

Coruche vai ainda acolher a assembleia-geral da Rede Europeia de Territórios Corticeiros (Retecork), organismo que visa promover o conhecimento e desenvolvimento da cultura do sobreiro e da cortiça.

Além de Coruche, que preside à assembleia-geral, a Retecork integra ainda os municípios portugueses de Vendas Novas, Seixal, Silves, Portalegre, Mora, Avis, Benavente e Arraiolos, a União dos Sindicatos do distrito de Évora e a Associação Portuguesa de Cortiça (APOCOR), além de municípios e instituições espanholas, francesas e italianas.

Dionísio Mendes diz que o Observatório do Sobreiro e da Cortiça, concluído um ano depois do inicialmente previsto devido a problemas com o projectista, teve um custo final da ordem dos 1,5 milhões de euros, comparticipados em 75% pelo programa Valtejo. Com um quadro de pessoal muito reduzido, o Observatório destina-se a acolher investigadores que queiram, no âmbito de trabalhos de campo, usar os laboratórios que estarão à sua disposição, disse, adiantando que tem já um pedido do Instituto Superior de Agronomia para a realização de trabalhos por um grupo de alunos.

O evento conta com uma exposição de empresas do sector e um programa paralelo, que inclui um desfile de moda com peças de cortiça concebidas por Luís Buchinho e preparado por Ana Maria Lucas; um "casino do vinho", evento que quer entrar para o livro dos recordes do Guiness; gastronomia regional, com destaque para as carnes bravas; quintas pedagógicas; um eco-parque infantil e uma "loja do montado", onde serão comercializados produtos biológicos com ligação ao montado. A iniciativa "casino do vinho", a decorrer sábado na Monumental de Coruche, e onde são esperadas 7.000 pessoas (os espectadores da corrida de toiros que se seguirá), visa associar a promoção dos vinhos portugueses à das rolhas de cortiça, adianta.

Existem em Portugal mais de 720 mil hectares de montado de sobro, representando a cortiça 2,3% das exportações nacionais; 90% da cortiça produzida em Portugal é exportada para mais de 100 países, principalmente para França, EUAs, Espanha, Alemanha e Itália. As rolhas continuam a liderar as exportações portuguesas de cortiça, atingindo 590 milhões de euros, seguidas da cortiça como material de construção com 176 milhões de euros.

Coruche é o concelho com mais produção de cortiça, saindo diariamente, de uma só unidade industrial, 5 milhões de rolhas para todo o mundo, o que leva a autarquia a declarar o concelho como capital mundial da cortiça.

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