Meio milhão visita caves do vinho do Porto
Por ano passam pelas caves do vinho do Porto, na ribeira de Vila Nova de Gaia, cerca de meio milhão de turistas. Destes, aproximadamente dois terços, de acordo com um perfil elaborado a pedido da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), visitam-nas pela primeira vez. Turistas que aproveitam para conhecer melhor as tradições e a história de um dos vinhos portugueses mais conhecidos internacionalmente.
De acordo com o referido estudo, o visitante típico das caves não tem uma nacionalidade definida. Se numas predominam os turistas portugueses, noutras os principais visitantes são os ingleses, ou os suecos, os espanhóis e até os japoneses quem mais visita um determinado espaço. Tudo depende de qual a cave de vinho do Porto de que se está a falar e qual a sua notoriedade internacional.
Brian Helander, um canadiano que reside em Phoenix, Arizona, por exemplo, conta que escolheu as caves da Sandeman porque "têm uma boa reputação". A visitar Portugal pela primeira vez, com um grupo de três amigos, este canadiano conta que foi ele próprio a marcar a viagem e a escolher a cave a visitar. "Gostamos muito", assegura Brian Helander.
Mas se muitos turistas optam por fazer a visita ao seu ritmo, como Brian, muitos são os que aqui chegam integrados em excursões e que, por isso, têm sempre outra pressa em visitar as caves. O circuito turístico de mais de uma dezena de caves abertas ao público na ribeira de Gaia é muito semelhante para todas.
O programa típico começa com a visita guiada às caves, onde é abordada a história da marca, o processo de fabrico e armazenamento deste néctar, bem como as suas diversas categorias. "É muito interessante ficar a conhecer como se faz o vinho do Porto", conta João Alvares, um transmontano a estudar em Coimbra e que se encontrava a visitar as caves também pela primeira vez.
A visita, na recta final, inclui o visionamento de um pequeno filme onde se procura resumir tudo aquilo que foi mostrado e dito antes aos turistas e que revela igualmente um pouco da paisagem do Alto Douro Vinhateiro. O roteiro turístico tradicional termina com uma prova de dois vinhos, normalmente um branco e um tinto.
As visitas, em função da cave, tanto podem ser gratuitas, como pagas. Os preços variam quase sempre entre os dois euros e meio e os quatro euros. Mas, para quem estiver disposto a gastar um pouco mais, é igualmente possível fazer provas especiais de vinhos do Porto - como a abertura a fogo de vintages -, de vinhos do Douro, ou provas com chocolates, amêndoas e até provas de azeites. Tudo varia consoante o gosto, e a carteira, de cada um.
A fama do vinho do Porto estende-se aos quatro cantos do mundo. Luna Ferolla, por exemplo, veio de Minas Gerais, no Brasil, até ao Porto, e aproveitou para visitar, juntamente com o amigo João Alvares, uma cave de vinho do Porto. "Gostei bastante", conta entusiasmada, acrescentando que adorou, sobretudo, "o facto de a guia estar vestida como o Don da Sandeman", o símbolo da marca fundada por George Sandeman.
O gosto pela visita foi tal que a mineira Luna até fez algo que, admite, para si não é muito habitual: "Até provei o vinho do Porto e gostei, apesar de normalmente não gostar de vinho."
Para conseguir atrair e dar uma boa resposta aos turistas, as empresas vão procurando adaptar-se às novas tendências. Se muitas caves, inicialmente, só tinham as portas abertas durante a semana, raras são as que, agora, fecham ao fim-de-semana. Há até caves que, mediante marcações especiais, até nos dias de Páscoa, Natal e Ano Novo acolhem visitantes. Depois, a diversidade de turistas está patente na própria diversidade de línguas em que são feitas as visitas. Para além do português, inglês, francês, alemão e espanhol, há já caves a efectuar visitas em italiano, holandês e japonês, este um mercado em crescendo.
O período de Março a Outubro ainda é considerado época alta, tendo um pico em termos de visitantes em Agosto e Setembro - devido às férias escolares -, logo seguidos de Maio. Dezembro tem vindo a tornar-se no quarto mês com mais visitas, muito por causa dos turistas japoneses.
Em termos de promoção, além do próprio atractivo dos letreiros junto ao rio, da fama das marcas e da promoção das empresas, existem parcerias com a Associação das Empresas de Vinho do Porto, com o Museu do Douro e com a Associação para o Desenvolvimento do Turismo na Região do Norte.