Até ao lavar dos cestos ainda é vindima, mas as uvas colhidas até ao momento já dão uma perspectiva aos produtores de vinho de que esta campanha vai ter pinga de boa qualidade. Embora a quantidade seja menor do que a do ano passado. Altura em que a viticultura também passou por um mau bocado devido à seca que atingiu a região.
Algumas adegas esperam uma quebra na produção a rondar os 15 por cento, muito por culpa das fortes temperaturas que se fizeram sentir em Julho. O enólogo da Adega Cooperativa do Cartaxo, Pedro Gil, explica que algumas uvas ficaram queimadas. E ao contrário do ano passado, em que a seca evitou o aparecimento de doenças na vinha, este ano surgiram algumas enfermidades potenciadas pelo maior grau de humidade no solo.
É provável que alguns viticultores não tenham curado as vinhas prevendo que o calor deste ano voltasse a impedir o aparecimento das doenças, como o míldio. O que também terá levado a quebras na produção.
A humidade no solo que se registou este ano associada ao tempo quente ajudaram a sintetizar melhor os açúcares das uvas. Pelo que se esperam brancos e tintos com maior grau alcoólico. Na Adega Cooperativa de Tomar (ACT), pelas análises que já foram feitas nas vinhas, as uvas apresentam para já um grau de avanço em relação ao ano anterior.
André Samouco, director da ACT, está convicto que os néctares produzidos pela adega vão ser melhores dos que os do ano passado. E perspectiva uma quebra de 20 por cento na produção desta campanha.
Na zona de charneca, de onde provêm as uvas da Adega Cooperativa da Gouxa (Alpiarça), também se espera uma redução de cerca de 15 por cento na quantidade de uvas a entregar na adega. Mas no geral, assegura o director da cooperativa, Manuel Rafael, a qualidade pode-se considerar boa.