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Vinhos Borges apontam baterias ao mercado externo

Público | 09-07-2006
Investimento de 8,5 milhões de euros reflecte-se num crescimento de 45 por cento no primeiro semestre deste ano no mercado internacional.
A Sociedade dos Vinhos Borges tem uma meta ambiciosa: em cinco anos, pretende atingir os 15 milhões de euros em volume de vendas e negócios, o que representará um crescimento de 50 por cento em relação aos actuais números da empresa, sedeada em Gondomar. 

Para isso, a expansão no mercado internacional é decisiva, com especial incidência nos países do Leste da Europa, China e Austrália, reforçando a sua posição no Brasil, Angola, EUA e África do Sul. Daí a aposta no controlo da produção e no marketing, em que foram investidos 3,5 milhões de euros. Dessa forma, esperam os responsáveis pela empresa, as actuais seis milhões de garrafas vendidas por ano serão apenas um ponto de partida para voos mais altos.
Com um mercado nacional bastante limitado - o crescimento em 2005 foi de apenas dois por cento -, os responsáveis pela Borges apontam o estrangeiro como o seu mercado natural. Carlos Alberto, director financeiro, explicou ao PÚBLICO que a nível internacional a taxa de crescimento foi de 45 por cento só este ano. E como conseguiram tamanho feito? "É o corolário de uma estratégia com vários anos. Primeiro, começou com um plano de controlo da produção, conferindo assim maior qualidade aos nossos produtos, e passa agora por uma aposta na comunicação", disse.
Exemplo disso é a venda de rosé para a Austrália, um dos concorrentes mais fortes do chamado Novo Mundo, para onde a Borges já exportou este ano perto de 200 mil garrafas. Carlos Alberto estima que os vinhos desses países terão um dia de parar de crescer de forma tão exponencial no mercado internacional e que, aliado a essa previsão, está o bom nome dos vinhos portugueses. "O nome Douro tem um peso muito grande e os vinhos portugueses estão na moda", declarou. Pedro Guerreiro, assessor da direcção de marketing, adiantou que os pedidos de vinhos recebidos pela Borges estão a ser cada vez mais diversificados, como reflexo desse bom momento que o sector está a conhecer.
De Gaia para a Lixa

O investimento da Borges, comprada em 1998 pelo grupo José Maria Vieira, começou a ganhar forma há oito anos, quando foi decidido mudar todo o processo de rotulagem e engarrafamento de Vila Nova de Gaia para a Lixa, onde foi construído um centro de produção. Cinco milhões de euros depois, Carlos Alberto mostra-se satisfeito com o resultado, até porque, diz, "a estratégia da empresa passa por estar nos sítios de produção dos vinhos".
No caso dos vinhos verdes, a importância de um tratamento ainda mais cuidado cresce, se for tido em consideração que representam cerca de 60 por cento do total das vendas nos vinhos de mesa. "Daí, também, a razão deste investimento", justifica Carlos Alberto.
Na Lixa, cujas instalações têm capacidade para armazenar nove milhões de litros e encher seis mil garrafas por hora, está concentrada a rotulagem de todos os vinhos da Borges, com excepção do Porto, que não pode ser engarrafado fora da Região Demarcada do Douro, e do rosé, tratado em Vila Real. "Ter entre 50 a 60 por cento de produção própria no total das vendas é o nosso objectivo a curto prazo", disse este director financeiro, adiantando que no Dão a percentagem é já de 90 por cento. O Alentejo é o próximo alvo (têm uma marca e apenas compram as uvas).
Ainda que não haja estatísticas oficiais sobre a matéria, Carlos Alberto calcula que a Sociedade dos Vinhos Borges seja uma das cinco maiores empresas a nível nacional, "considerando a gama de produtos vendidos: vinho do Porto, vinho de mesa, espumantes e aguardentes". 
DADOS
10 Milhões de euros foi o volume de negócios em 2005
68 Por cento das vendas totais vêm de três marcas: gatão, Fita Azul e Meia Encosta
2,5 Milhões de euros foram investidos nas áreas da produção e da investigação e desenvolvimento desde há cinco anos
2010 É a data prevista para conseguir aumentar as vendas em 50 por cento
Peso, em percentagem, de cada uma das marcas no total da empresa:
Gatão 33%
Fita Azul 20%
Dão Meia Encosta 17%
Restantes marcas (15) 30 %

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