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Douro: Solução para a crise nas adegas passa pela concentração

Agroportal | 31-03-2006
A solução para as dificuldades das adegas do Douro, a maior parte das quais já estão no seu limite de endividamento, passa pela concentração ou fusão do sector, defendeu hoje o presidente da união das cooperativas durienses.
José Manuel Santos, presidente da União das Adegas Cooperativas do Douro (UNIDOURO), que falava no decorrer de uma reunião com o secretário de Estado Adjunto da Agricultura hoje, em Vila Real, disse que "salvo raras excepções, a maior parte das adegas do Douro estão já no limite da sua capacidade de endividamento".
 
As 21 adegas cooperativas da Região Demarcada do Douro representam 40 por cento das adegas nacionais e também atravessam por "momentos de grandes dificuldades".
 
Uma situação que, segundo este responsável se traduz no pagamento atrasado aos agricultores pelas suas produções, que nalguns casos chega aos três anos de atrasos, e nos preços reduzidos do vinho de mesa, que chega a ser vendido a menos de 150 euros a pipa.
 
"Só com a ajuda do Governo e com a fusão das adegas é que podermos ultrapassar estas dificuldades", frisou José Manuel Santos.
 
A opinião deste responsável vem de encontro da mensagem divulgada pelo secretário de Estado Adjunto da Agricultura, Luís Vieira, na reunião de hoje que afirmou que o futuro das adegas passa pela concentração, pelo redimensionamento e pela gestão empresarial do sector.
 
Segundo o membro do Governo, existem em Portugal 119 adegas cooperativas, as quais representam 55 por cento da produção a nível do país, só que, segundo salientou "verifica-se que há um grande défice em termos de capacidade de gestão.
 
"É necessário inverter esta situação. Por isso mesmo o próximo Quadro Comunitário de Apoio irá apostar no reforço da competitividade das organizações", frisou.
 
Ou seja, Luís Vieira refere que só vão ser apoiadas as cooperativas que "queiram concentrar-se, criar unidades empresariais, novas estratégias de comercialização e apostar na exportação".
 
Para este responsável, "só através de um novo formato empresarial de gestão destas organizações é que é possível aplicar os fundos estruturais e ao mesmo tempo dar uma maior garantia de pagamento atempado aos agricultores".
 
Com a concentração de oito ou nove adegas podem-se também "reduzir" os custos operacionais, designadamente com a possibilidade de comprar mais barato as garrafas de vinho, os rótulos, as embalagens ou as rolhas.
 
O objectivo, segundo Luís Vieira, é tornar sector mais dinâmico e competitivo e projectar os vinhos no mercado doméstico e internacional.
 
Frisou ainda que o sector do vinho é estratégico para a agricultura portuguesa, que representa cerca de 500 milhões de euros em exportações, dos quais 60 por cento é vinho do porto e os outros 40 por cento são vinho de mesa.
 
Luís Vieira disse ainda que o Governo ainda não tomou qualquer decisão quanto à localização da futura Direcção Regional de Agricultura do Norte (DRAN).
 
As direcções regionais de Trás-os-Montes e Alto Douro e a de Entre o Douro e Minho vão ser fundidas no âmbito da reorganização administrativa do Ministério da Agricultura, dando origem à DRAN, sendo que falta definir em que cidade ficará localizada a futura sede desta estrutura.
 
Hoje o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, afirmou que já tinha a confirmação de que a sede desta direcção ficaria na sua cidade, mas o secretário de Estado disse que ainda estão a ser equacionadas as várias situações e que a decisão definitiva será anunciada em "breve".

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