Wine Conspiracy. A verdade no fundo de um copo de vinho
Aprender os segredos do vinho e, este processo, conhecer-se melhor. Tudo em casas secretas e em pequenos grupos de oito pessoas. Se isto não é uma conspiração, o que será?
O vinho como metáfora do autoconhecimento. Ou, em bom latim, in vino veritas. Foi este o ponto de partida de Isabel Saldanha, fotógrafa e escritora, para organizar uma conspiração. Mas esta conspiração não tem como objectivo fazer cair governos nem programar uma guerra. Em The Wine Conspiracy “o vinho é o fio condutor que liga as actividades de aquisição de conhecimentos às actividades de reflexão, partilha e desenvolvimento pessoal. É a metáfora”. O objectivo é “aceder à verdade pessoal de cada um, e a alguns pontos-chave de mudança, utilizando características do vinho e do processo de fazer vinho. Podíamos ter escolhido outra metáfora qualquer, mas tendo o vinho um carácter tão único para a nossa história e cultura e um processo tão intenso e característico de produção e degustação, foi a primeira escolha”.
Mas que se desenganem aqueles que já estão a imaginar aqui umas sessões confessionais regadas ilimitadamente a vinho. “Pode parecer tentador, mas não é objectivo da conspiração beber até que a verdade saia. Aliás porque se trata de provas, e não de jantares de amigos. O consumo de vinho durante os workshops tem lugar apenas nas provas; trata-se também de desenvolver uma relação informada, prazerosa, responsável e saudável com o vinho”, apronta-se a esclarecer IsabelSaldanha.
Uma boa oportunidade para libertar umas quantas confissões e ao mesmo tempo estimular o sommelier que há em cada um de nós, que isto do vinho está cada vez mais na moda. “Cada vez mais queremos sentir-nos competentes em relação àquilo que é nosso, ao que faz parte não só da nossa tradição como do nosso futuro. O vinho faz parte de Portugal e fazemo-lo cada vez melhor, por isso faz sentido que as pessoas se interessem mais. Não é uma moda, mas está na moda. Cada vez há mais apreciadores de vinho e cada vez mais falar e compreender o vinho é trendy. A revolução nos novos conceitos de restauração, a ligação vinho e gastronomia, têm contribuído para esta moda. Este interesse é bem diferente do simples consumo, com fins menos criteriosos.”
Para desenvolver esta conspiração, Isabel Saldanha encontrou a cúmplice perfeita em Luana Cunha Ferreira, doutorada em Psicologia Clínica e da família, que sublinha que “o que se vai passar em cada conspiração não tem nada a ver com terapia, isso fica para o consultório… mas não garantimos que não tenha efeitos terapêuticos”.
A esta dupla juntaram-se entretanto os sommeliers da Wine Service 4 You, Manuel Moreira e Sérgio Antunes, que asseguram a selecção de produtores nacionais de diferentes regiões. “Os participantes vão ter a oportunidade de provar alguns dos melhores vinhos nacionais, vinhos antigos ou algumas novidades que ainda nem chegaram ao mercado”, sublinha Sérgio Antunes. Cada workshop contará com, pelo menos, um almoço partilhado e duas ou três provas de vinho, que permitirão saborear vinhos de alguns dos melhores produtores nacionais, como Paulo Laureano, Quinta do Monte d’Oiro ou Caminhos Cruzados.
Estes encontros, que terão lugar duas vezes por mês, arrancam a 19 de Dezembro e as inscrições já estão abertas (ver o Facebook da The Wine Conspiracy). E convém não esperar muito para se decidir porque cada workshop receberá um máximo de oito pessoas.
Já o local de cada workshop será mantido em segredo até 48 horas antes do seu arranque, altura em que cada participante receberá um e-mail com a morada. Uma coisa é certa, porém, todos terão lugar em casas privadas, disponíveis na plataforma Airbnb e em diferentes cidades portuguesas. “O espaço das conspirações não é, por definição, um espaço comercial. Os apartamentos via Airbnb podem rapidamente tornar-se espaços altamente humanizados e potenciadores de partilha, e podemos mudar constantemente, é sempre uma surpresa, e nós queremos que cada conspiração tenha um carácter único e irrepetível. Uma conspiração não pode ter endereço fixo, é algo vibrante, transgressivo e em constante mutação”, refere Isabel Saldanha.
Este encontro de amigos de Baco, pelo menos numa fase inicial, será na verdade um encontro reservado a amigas. “As mulheres são as principais consumidoras e decisoras em várias áreas e estão cada vez mais interessadas na cultura do vinho. No entanto, têm ainda a sensação de que são sabem o suficiente ou não têm o vocabulário certo para escolher um bom vinho. Este workshop pretende também colmatar essa lacuna, oferecendo um ambiente descomplexado onde as mulheres podem aprender mais, de forma prática e descontraída, sobre o vinho e a sua relação ‘da vida para o vinho e do vinho para a vida’. O facto de ser um grupo inicialmente só de mulheres pode facilitar a partilha”, explica a organizadora, assegurando no entanto que é provável que numa segunda fase a conspiração também aceite homens.