Sucesso da promoção do vinho nos mercados prioritários foi o mais positivo do estudo Porter
O sucesso da nova estratégia promocional dos vinhos portugueses no estrangeiro foi o aspecto mais positivo da aplicação do estudo desenvolvido há seis anos por Michael Porter, que se propôs criar um cluster do vinho em Portugal.
"O balanço é positivo. Nos últimos anos orientámo-nos pelas recomendações do estudo Porter, nomeadamente na identificação que fez dos mercados prioritários do Reino Unido, EUA, Brasil, Angola, Canadá, países nórdicos e Alemanha", afirmou à Agência Lusa o presidente da Viniportugal, entidade encarregue da promoção dos vinhos portugueses.
Segundo Francisco Borba, fruto desta aposta as vendas "têm vindo a crescer numa série de mercados", com destaque para a Alemanha, EUA, Brasil e países nórdicos, e "os dados sobre as exportações no primeiro semestre de 2009 indicam que, para muitos deles, Portugal já exportou 90% do valor de 2008".
"Temos estado a conseguir regressar aos níveis de anos de maior sucesso, como 2000. Somos dos poucos países com exportações mais altas do que no ano passado", destacou, por sua vez, o ex-presidente da Viniportugal, Vasco Avillez, que cessou funções em Junho.
Segundo os últimos dados disponíveis, no primeiro semestre de 2009 as exportações aumentaram 45% face a 2008, que foi o melhor ano desde 2000, somando 183.543 milhões de euros. Em volume, a subida ficou-se pelos sete%, o que significa que o preço médio por litro exportado aumentou 36%.
"Os mercados que ficaram abaixo de 2008, como Angola ou o Reino Unido, são os que mais têm sofrido com a crise, mas aqueles onde mais apostámos, como o Canadá, o Brasil e os EUA, estão todos com valores acima", disse Avillez.
Segundo Vasco Avillez, "não há dúvida nenhuma que, devido à acção e exemplo da Viniportugal, os grandes produtores de Portugal - como a Aveleda, Esporão e Sogrape - estão a ser mais eficientes nos mercados onde mais trabalham".
"A atitude das empresas portuguesas perante os mercados de exportação mudou, elas perceberam o que tinham de começar a fazer", concorda Francisco Borba.
Para o actual presidente da Viniportugal, foi também ganha a aposta numa cultura de qualidade, recomendada por Porter.
"O nosso vinho afirma-se pela sua qualidade e pelos preços acessíveis ao consumidor. Uma das razões do nosso sucesso nos EUA, por exemplo, é a excelente relação preço/qualidade naquele mercado, sobretudo agora que, com a crise, o nível de compra baixou para os 12/20 dólares [por garrafa], onde se situam os vinhos portugueses", sustentou.
Ainda assim, Vasco Avillez admite que "falta dar o salto" para o segmento mais elevado, já que o preço médio de venda dos vinhos portugueses está ainda colado ao limite mínimo dos sete euros por garrafa apontado por Porter.
Quanto à meta de criação de um 'cluster' do vinho, o ex-presidente da Viniportugal considera que foi atingida: "Portugal é visto nos meios apropriados como um 'cluster' do vinho, mais até do que do futebol", gracejou, considerando que o sector "é um dos que a AICEP [Agência Portuguesa para o Investimento e Comércio Externo] mais respeita".
Ainda concretizável é, na sua opinião, o aumento do volume de negócios do sector dos actuais 850 milhões de euros para os mil milhões que Porter previu para 2010, caso as suas recomendações fossem cumpridas.
"Se se continuar a trabalhar como até agora é possível", disse, salientando que o crescimento terá necessariamente que acontecer na exportação, já que o mercado nacional está esgotado e tem mesmo vindo a cair em volume.